Ambientalistas preocupados com a caça furtiva em Angola

O Instituto Nacional da Biodiversidade e Conservação (INBAC) e a Fundação Kissama estão preocupados com a caça furtiva e o conflito homem-elefante em Angola porque estas acções continuam a acontecer, informou esta Quarta-feira, 02, em Luanda, o chefe do Departamento de Área de Conservação Ambiental da instituição, Noé Pinto. “Em 2018 até este ano, na…
ebenhack/AP
“Em 2018 até este ano, na região da Maria Tereza, registou-se mais de dez mortes de pessoas pelos elefantes e 16 mortes de elefantes por homens, sendo que mais de 50% do abate foi por caça furtiva”, explica Noé Pinto.
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O Instituto Nacional da Biodiversidade e Conservação (INBAC) e a Fundação Kissama estão preocupados com a caça furtiva e o conflito homem-elefante em Angola porque estas acções continuam a acontecer, informou esta Quarta-feira, 02, em Luanda, o chefe do Departamento de Área de Conservação Ambiental da instituição, Noé Pinto.

“Em 2018 até este ano, na região da Maria Tereza, registou-se mais de dez mortes de pessoas pelos elefantes e 16 mortes de elefantes por homens, sendo que mais de 50% do abate foi por caça furtiva”, explicou Noé Pinto.

Mas, acrescentou que ainda “temos casos no parque nacional do Bicuar, na província da Huila, que só no ano passado tivemos quatro mortes e no parque nacional do Luengué-Luiana, localizado na província de Cuando Cubango, o ano passado tivemos três mortes. Só para contabilizar, os números tendem a aumentar, com isso, há uma necessidade muito grande de reduzirmos este conflito”, apelou.

De acordo com o chefe do Departamento de Área de Conservação Ambiental do INBAC, que falava à imprensa à margem do ‘workshop’ sobre o Estado e Conservação dos Elefantes-da-Floresta, uma das espécies existentes em Angola, nesses casos, o homem deve saber a biologia do animal e até que ponto o animal está estressado.

Pinto disse que o homem tem que saber agir mediante essas situações e deve saber o comportamento para evitar os riscos porque a maior parte do número de mortos está nesta falta de conhecimento.

No entanto, o ambientalista referiu que existe um trabalho de sensibilização para as comunidades, mas “infelizmente sensibilização com a barriga vazia não casa, o que devemos fazer é mesclar”.

Segundo Noé Pinto, enquanto estão a sensibilizar, devem implementar projectos de melhoria de meios de subsistência para as comunidades.

“Por exemplo, eu tenho uma casota, hospedo nas minhas residências, turistas que vêm ver a vida selvagem e eu tenho um rendimento direito e daí, as minhas vendas aumentaram porque foi o projecto de conservação dessas espécies que trouxe dinheiro para eu implementar o meu negócio, aí sim, as pessoas dão valor à conservação”, exemplificou.

Entretanto, o chefe do Departamento de Área de Conservação Ambiental do INBAC afirmou que falta dinamização da economia baseada na vida selvagem e o desenvolvimento do turismo baseado na natureza para aumentar a cadeia de beneficiários das comunidades.

Por outro lado, o director executivo da Fundação Kissama, Vladimir Russo, referiu que o projecto tem como objectivo principal identificar os locais com presença de elefantes nas florestas para a apresentação de duas medidas concretas.

“É preciso perceber onde se encontram os elefantes, as pessoas e onde há conflito, que técnicas de mitigação podem ser tomadas, e termos noção da distribuição geográfica dos elefantes-da-floresta, basicamente presentes nas províncias do Uíge, Cuanza Norte, Cabinda e Bengo para poder se identificar nessas áreas locais, onde possamos propor áreas de conservação, mantendo os elefantes e as pessoas separadas”, disse Vladimir Russo.

Segundo o responsável da Fundação Kissama, desde o início do projecto em 2018, já foram tentadas várias formas de controlar a espécie, desde colocar coleiras para identificar a sua localização e testes de DNA, para confirmar que são elefantes-da-floresta e não elefantes de savana, a segunda espécie existente no país.

Russo assegurou que há expansão de uma rede de guardiões, membros das comunidades para obtenção de informações sobre os mamíferos. No entanto, uma das principais ameaças, disse, é a desflorestação para fabrico de carvão, corte de madeira e agricultura, actividades que invadem o habitat dos elefantes, provocando a sua deslocação para as comunidades.

“Essa é uma das principais dificuldades, a falta de ordenamento do território,  as pessoas estão a construir e a criar lavras em zonas de migração e de transição de elefantes, este é o principal problema, o desordenamento do território, o tipo de actividades e a caça furtiva direccionada aos elefantes por causa do marfim”, frisou o ambientalista.

 

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