Angola reforçou a sua intenção de intensificar a atracção de capitais do Golfo Pérsico e apresentou as oportunidades concretas em diversos sectores chave, no fórum de alto nível dedicado a investidores, realizado esta semana no Dubai.
O evento “The Africa Debate – UAE 2025”, organizado pela Invest Africa em parceria com o Governo dos Emirados Árabes Unidos, decorreu sob o lema “Mercados Partilhados, Futuro Partilhado”.
No painel “Spotlight on Angola”, dedicado a Angola, José de Lima Massano, ministro de Estado para a Coordenação Económica, destacou as reformas estruturais e as oportunidades estratégicas que posicionam Angola como destino competitivo para o investimento internacional.
O ministro de Estado apresentou as principais reformas implementadas e opções de políticas económicas do Plano de Desenvolvimento Nacional 2023-2027, onde se destacam a diversificação económica, através da implementação de um plano ambicioso para reduzir a dependência do sector petrolífero, com crescimento dos sectores não petrolíferos na ordem dos 5% ao ano.
O governante destacou ainda o ambiente macroeconómico estável, caracterizado pela independência do Banco Nacional de Angola, a gestão macro fiscal responsável, reservas internacionais superiores a 5 mil milhões de dólares (equivalente a aproximadamente 8 meses de importações) e uma dívida pública de cerca de 60% do PIB.
Na sua intervenção, José Massano falou da abertura e facilitação do investimento estrangeiro, através da reforma do mercado cambial, abertura da conta de capital e garantia de liberdade para repatriar capitais e dividendos, em conformidade com normas internacionais.
José de Lima Massano, citado numa nota do Governo angolano, deu ainda a conhecer o programa de privatizações com mais de 100 empresas estatais em processo de privatização, com oportunidades nos sectores das telecomunicações, banca, energia e indústria.
Em termos de infra-estruturas e logística, destacou os investimentos significativos em aeroportos, como o novo aeroporto internacional de Luanda com capacidade para 15 milhões de passageiros, o novo porto em Cabinda, modernização dos terminais portuários de Luanda, Benguela e Namibe, e a reabilitação dos caminhos -de- ferro, com realce para o Corredor do Lobito, ligação multimodal que integra Angola, RDC e Zâmbia, com potencial de dinamizar agricultura e indústria ao longo do seu percurso
O ministro de Estado apontou ainda o potencial do país em recursos naturais, entre diamantes, cobre, cobalto e lítio, minerais essenciais para a transição energética e vastas áreas agrícolas, sendo Angola detentora das principais bacias hidrográficas de África, favoráveis à produção alimentar com potencial de exportação para os mercados do Golfo.
As oportunidades em energias renováveis e noutros sectores foram também referenciadas, bem como a relação com os EAU e as parcerias estratégicas, realçando o papel da assinatura recente do Acordo Abrangente de Parceria Económica (CEPA) entre os dois países, que visa eliminar barreiras comerciais, ampliar o acesso a mercados e criar vias de investimento em energia renovável, logística, agricultura, indústria e turismo.
À margem da conferência, o ministro de Estado reuniu-se com Thani bin Ahmed Al Zeyoudi, ministro dos Negócios Estrangeiros dos Emirados Árabes Unidos, com quem analisou a relação comercial bilateral, que registou um aumento de 30 por cento no primeiro semestre de 2025 face aos 2,17 mil milhões de dólares em 2024.
Os dois ministros passaram em revista os progressos do CEPA, cujo potencial de comércio bilateral ascende a 10 mil milhões de dólares anuais até 2033. O ministro José Massano reafirmou que a segurança alimentar é a principal prioridade do Executivo angolano.
Foram igualmente realizados encontros com a organização do evento, empresas do sector agro-industrial, com interesse em investir em Angola, e com a imprensa internacional. Nestes encontros, foi enfatizado que, no contexto actual, Angola procura prioritariamente atrair investimento directo estrangeiro, com foco na cadeia de valor da agro-indústria.
O ministro de Estado para a Coordenação Económica aproveitou o fórum para endereçar um convite explícito aos investidores do Golfo Pérsico para se unirem à transformação de Angola, formarem parcerias duradouras e aproveitarem o ambiente de negócios em rápida modernização, com oportunidades reais de retorno dos seus investimentos.
Além de José Massano, faz parte da comitiva o embaixador de Angola nos Emirados Árabes Unidos, Júlio Maiato, e outros altos funcionários do Estado.
O The Africa Debate – UAE é uma cimeira de investimento que reúne figuras de destaque dos sectores governamental, financeiro e empresarial, para analisar de que forma os Emirados Árabes Unidos e África podem promover um crescimento inclusivo, sustentado no investimento em sectores estratégicos.