Angola produz mais de 449 mil toneladas de peixe por ano, das quais 85% são consumidos e os restantes 15% têm sido exportados, segundo revela um estudo sobre os indicadores das cadeias de valor do sector das pescas no país.
De acordo com dados apresentados na passada semana pelo Ministério da Economia e Planeamento, no âmbito do programa de apoio à produção, diversificação das exportações e substituição das importações (Prodesi), o consumo interno no país ronda as 422 mil toneladas de peixe, que dividindo pelo número de habitantes (cerca de 30 milhões) resulta num consumo per capita de 14 quilogramas de produtos pesqueiros.
Entretanto, o estudo diz que, para fazer face à diversificação destes produtos, Angola importa mais de 32 mil toneladas, sendo que as 59 mil toneladas de excedente da produção interna são exportadas para outros mercados internacionais.
Mas cálculos feitos pela FORBES com base nos números avançados no relatório, mostram que 85% de consumo do total do pescado produzido anualmente (449 mil toneladas) correspondem a pouco mais de 381 mil toneladas e, adicionando as 32 mil toneladas importadas, soma aproximadamente 414 mil toneladas de consumo interno e não a 422 mil indicadas no documento.
Angola, refere o relatório, tem uma venda total de mais 844 mil milhões de dólares anuais, com uma estimativa de 2 dólares por quilograma de produção. Esta produção está organizada em centros de barcos industriais e semi-industriais, em mais de 7.800 embarcações, de um sector que garante mais de 250 mil empregos.
O objectivo do estudo sobre a cadeia de valor das pescas em Angola foi de identificar as principais fragilidades do sector e propor um conjunto de medidas e recomendações a serem implementadas no âmbito do Prodesi.
O documento fornece uma visão geral do sector das pescas nos seus principais segmentos como são os casos da piscicultura, pesca industrial, semi-industrial, artesanal, continental, marítima e a aquicultura.
Para além destas medidas, foram identificados projectos potenciais, em que se destaca um investimento estrangeiro avaliado em 200 milhões de dólares, que se espera venha a ter grande participação internacional, virado particularmente para a pesca industrial, com o envolvimento de 20 bancos industriais.
O sector das pescas em Angola conta com cerca de 100 embarcações industriais, também dedicadas à exportação de produtos pesqueiros valiosos, 170 semi-industriais, viradas à pesca pelágica e demersal, bem como 7 mil embarcações artesanais.
Em 2019, os três sectores de pesca marítima tiveram reduções drásticas na produção, devido ao fenómeno da sobrepesca que terá aumentado as importações de carapau nos últimos anos.