O Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço, destacou esta Quarta-feira, em Luanda, que o rácio da dívida pública de Angola continua em trajectória descendente, tendo passado de 115,9% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020 para 55,5% em 2024.
O anúncio foi feito durante o discurso sobre o Estado da Nação, na abertura do 4.º Ano Parlamentar 2025/2026, e reflecte, segundo o Chefe de Estado, os resultados de uma estratégia prudente de gestão da dívida, ancorada na diversificação das fontes de financiamento, na renegociação dos termos contratuais e na disciplina orçamental.
“Esta redução situa-se abaixo dos 60% do rácio definido pelas instituições internacionais”, sublinhou João Lourenço, ao enfatizar o esforço de consolidação fiscal e de reposicionamento da credibilidade externa de Angola.
A descida expressiva da dívida pública marca uma viragem face ao período crítico de 2017–2020, quando o país enfrentava o duplo choque provocado pela queda do preço do petróleo e pela depreciação acentuada do kwanza, factores que dispararam o peso da dívida em relação ao PIB e limitaram a capacidade de investimento do Estado.
Desde então, o Executivo angolano implementou um programa robusto de estabilização macroeconómica, com apoio de instituições multilaterais como o Fundo Monetário Internacional (FMI), o que permitiu reperfilar a dívida, alongar maturidades e reduzir o serviço anual. As medidas de contenção fiscal e o regresso gradual do crescimento económico reforçaram igualmente a trajectória de consolidação.
Em linha com a Estratégia de Endividamento 2024–2026, o Governo projecta reduzir o peso do serviço da dívida para cerca de 45% da despesa total, libertando espaço orçamental para investimento em sectores produtivos e infra-estruturas de base.
Apesar do progresso, analistas alertam que o desafio passa agora por sustentar a tendência sem comprometer o ritmo de crescimento económico, num contexto em que as receitas petrolíferas ainda representam parte substancial das finanças públicas e o financiamento em moeda estrangeira continua vulnerável às flutuações cambiais.
A consolidação da dívida surge, assim, como um dos pilares centrais da estabilidade macroeconómica e do esforço de recredibilização financeira internacional de Angola, abrindo caminho a uma nova fase de crescimento prudente e reequilíbrio fiscal sustentável.