Angola defende medidas integradas sobre alterações climáticas e segurança

O Representante Permanente Angola junto da União Africana (UA), Miguel Bembe, defendeu a integração da perspectiva climática nas estratégias de prevenção de conflitos e construção da paz, como resposta urgente aos impactos crescentes das alterações climáticas no continente africano. Miguel Bembe, embaixador de Angola na Etiópia, interveio na reunião do Conselho de Paz e Segurança…
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Embaixador de Angola na Etiópia defende o reforço da resiliência das comunidades, com políticas inclusivas que priorizem jovens e mulheres, e advogou a mobilização de financiamento sustentável e previsível, com base em mecanismos africanos, para acções de adaptação, mitigação e transição.
Economia

O Representante Permanente Angola junto da União Africana (UA), Miguel Bembe, defendeu a integração da perspectiva climática nas estratégias de prevenção de conflitos e construção da paz, como resposta urgente aos impactos crescentes das alterações climáticas no continente africano.

Miguel Bembe, embaixador de Angola na Etiópia, interveio na reunião do Conselho de Paz e Segurança da União Africana (CPS-UA), realizada nesta Quarta-feira, 17 de Setembro, em Addis Abeba, capital da Etiópia, no âmbito da discussão sobre o Clima, Paz e Segurança.

O diplomata angolano, que presidente o CPS-UA este mês, defendeu o reforço da resiliência das comunidades, com políticas inclusivas que priorizem jovens e mulheres, e advogou a mobilização de financiamento sustentável e previsível, com base em mecanismos africanos, para acções de adaptação, mitigação e transição.

Para o embaixador, outra solução para fazer face a este problema é a promoção da cooperação regional no uso e gestão de recursos naturais transfronteiriços e o fortalecimento dos sistemas de alerta precoce e de resposta rápida aos riscos climáticos e de segurança.

Miguel Bembe, citado numa nota do Governo angolano, apelou aos Estados membros do Conselho de Paz e Segurança da União Africana para a importância de se avançar, em conjunto, com acções concretas e responsáveis, para a transformação de compromissos em realidades palpáveis.

Acrescentou que a resposta colectiva africana deve ser marcada pela inovação, solidariedade e liderança, de modo a reduzir riscos e proteger as populações, pois acredita que, agindo desta forma, ficará mais fácil obter-se resultados práticos e reforço da Posição Comum Africana (PCA) sobre os temas clima, paz e segurança.

Este caminho, observou, vai permitir projectar a voz unida de África nos fóruns internacionais que se avizinham, como a trigésima Conferência dos Estados partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP30), a Assembleia Geral das Nações Unidas e o Grupo dos Vinte (G20).

Neste contexto, Miguel Bembe reiterou a posição defendida pelo Presidente da República, João Lourenço, sobre a necessidade de operacionalizar o novo objectivo de financiamento, na ordem de 1,3 mil milhões de dólares por ano até 2035 como “um verdadeiro teste à credibilidade do sistema internacional”, e reafirmou que “a transição energética só será justa se esse compromisso for honrado e acessível a todos os países em desenvolvimento”.

Apesar do continente africano contribuir apenas com menos de quatro por cento das emissões globais de gases com efeito de estufa, África suporta alguns dos impactos mais severos, nomeadamente, as secas prolongadas, cheias devastadoras, perda de biodiversidade, deslocação forçadas e insegurança alimentar crescente, de acordo com o embaixador.

Miguel Bembe frisou que a alterações climáticas actuam como um multiplicador de riscos, ampliando desigualdades, fragilizando economias e ameaçando a paz nas diversas regiões do continente africano.

“É imperativo que cada Estado membro assuma a sua parte de responsabilidade, garantindo que as recomendações se traduzam em programas concretos, investimentos direccionados e políticas nacionais alinhadas à visão comum africana”, reforçou.

Além dos 15 Estados membros do Conselho de Paz e Segurança da União Africana e do Comissário para os Assuntos Políticos, Paz e Segurança (PAPS), participaram na reunião, como convidados, os Estados membros da União Africana, as Comunidades Económicas e os Mecanismos Regionais e parceiros internacionais.

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