Angola inaugura primeira unidade de gás não associado e avança na industrialização energética

O Presidente angolano, João Lourenço, inaugurou esta Quinta-feira, 27, no município do Soyo, província do Zaire, a primeira unidade de processamento de gás não associado do país. O empreendimento, avaliado em mais de 4 mil milhões de dólares, pertence ao Novo Consórcio de Gás (NCG), integrado pela Azule Energy, Sonangol E&P, Chevron e TotalEnergies, contando…
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João Lourenço inaugurou no Soyo a primeira unidade de processamento de gás não associado, marco decisivo para a política energética angolana. O projecto de 4 mil milhões USD integra plataformas offshore e uma fábrica construída integralmente no país.
Economia

O Presidente angolano, João Lourenço, inaugurou esta Quinta-feira, 27, no município do Soyo, província do Zaire, a primeira unidade de processamento de gás não associado do país. O empreendimento, avaliado em mais de 4 mil milhões de dólares, pertence ao Novo Consórcio de Gás (NCG), integrado pela Azule Energy, Sonangol E&P, Chevron e TotalEnergies, contando ainda com a participação da Azule Ltd.

A nova infra-estrutura representa um passo decisivo para a estratégia nacional de diversificação económica e de consolidação de uma cadeia de valor energética mais robusta.

Para o ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo, o projecto reforça “uma economia mais industrializada, competitiva e diversificada”, sustentada pela modernização do sector do gás.

“É um testemunho da capacidade de Angola, da força das suas instituições, do talento dos seus quadros, da confiança dos nossos parceiros e da determinação com que caminhamos para o futuro”, afirmou o governante. Recordou ainda que, com a aprovação da Lei do Gás (DL 7/18), o país passou a dispor de um quadro legal e fiscal moderno e atractivo, abrindo caminho ao desenvolvimento de projectos estruturantes como o agora inaugurado.

Já o CEO da Azule Energy, Adriano Mongini, destacou que o projecto foi concebido para processar o gás proveniente das plataformas offshore Quiluma e Maboqueiro, sendo igualmente uma infra-estrutura destinada a alimentar a Angola LNG (ALNG) com recursos adicionais.

“Idealizado há uma década, enfrentou inúmeros desafios, e o seu sucesso deve-se ao papel decisivo do Governo angolano, que, através de reformas estruturais e da capacidade de reunir parceiros em torno de objectivos comuns, tornou possível a sua concretização”, sublinhou.

A fábrica, construída integralmente no Soyo, sem modularização externa, contou com mão-de-obra maioritariamente proveniente da província do Zaire. A obra arrancou em 2023 e está associada à exploração dos campos Quiluma e Maboqueiro, considerados os primeiros reservatórios de gás não associado de Angola.

O projecto integra plataformas de cabeça de poço e uma unidade de tratamento em terra, com capacidade para processar cerca de 330 milhões de pés cúbicos de gás por dia. O gás será direccionado ao consumo interno e à exportação sob a forma de GNL (Gás Natural Liquefeito), reforçando a segurança energética e a competitividade internacional do sector.

Para Diamantino Azevedo, a entrada em operação do projecto representa “um contributo importante para a segurança energética e para a capacidade de industrialização nacional”. O ministro salientou que o propósito estratégico passa por colocar o gás “ao serviço da produção de electricidade, da petroquímica, da produção de amónia e ureia, do gás de cozinha, da indústria do aço e de todos os outros sectores que geram emprego, criam valor e contribuem para a melhoria da qualidade de vida das famílias angolanas”.

Ao expandir o volume disponível para exportação, Angola melhora a sua capacidade de cumprir contratos longos e de explorar oportunidades no mercado spot, aumentando as receitas externas e diversificando o perfil das exportações tradicionalmente dominadas pelo petróleo bruto.

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