O governo angolano prevê a contratação de mais 6 mil professores em 2026, no âmbito da execução do Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2026, informou esta semana, em Luanda, a ministra da Educação, Luísa Grilo, sublinhando que a prioridade do sector passa pela conclusão dos projectos em curso e pelo apetrechamento das infra-estruturas escolares.
Em declarações à imprensa, no final da aprovação parlamentar da proposta orçamental, a governante explicou que o Executivo optou por uma abordagem gradual, alinhada com a disponibilidade financeira e com as prioridades definidas para o sistema educativo.
“Não é possível resolver todos os problemas num só ano, mas aquilo que está programado corresponde às prioridades que estabelecemos”, afirmou, acrescentando que, em função dos recursos alocados, está prevista a admissão de seis mil novos docentes no próximo exercício.
A proposta do OGE 2026 foi aprovada com 120 votos a favor e 79 contra, estes últimos do grupo parlamentar da UNITA, maior partido da oposição. O diploma estima receitas e despesas globais em cerca de 31 mil milhões de euros, dos quais 185,1 milhões de euros estão destinados ao sector da educação, num contexto de forte pressão sobre a qualidade do ensino, o défice de professores e as condições das infra-estruturas escolares.
Apesar do reforço de pessoal anunciado, o quadro orçamental continua a gerar contestação no sector. Segundo avançou a Lusa, o Sindicato Nacional dos Professores (Sinprof) decretou greve a partir de 15 de Janeiro, reivindicando melhores condições laborais, ajustes salariais, pagamento de subsídios em atraso e uma maior dotação orçamental para a educação.
Entre as principais exigências do sindicato constam a atribuição de orçamento próprio às escolas, com financiamento directo do OGE, a melhoria das condições de trabalho dos docentes, um reajuste salarial face às assimetrias existentes em relação a categorias profissionais homólogas, bem como a distribuição atempada de manuais escolares aos alunos do ensino primário.
A presidente do Sinprof, Hermínia do Nascimento, criticou duramente o nível de investimento público no sector, considerando “vergonhoso” que Angola aprove um orçamento para a educação inferior a 10% da despesa pública. “Não saímos dos 6% e, mais uma vez, o Governo angolano desrespeitou as decisões internacionais”, lamentou.
O debate em torno do OGE 2026 evidencia, assim, o desafio estrutural de conciliar contenção orçamental, expansão do acesso à educação e valorização do capital humano, num país onde a formação de quadros continua a ser determinante para a diversificação económica e o crescimento sustentado.





