Depois de ter sido premiado em Abril deste ano na cidade de Chania, na Grécia, o artista plástico angolano Armando Scoot volta a merecer destaque internacional. Desta vez, encontra-se em Macau, onde participa, entre 24 de Outubro e 2 de Novembro, numa exposição de carácter internacional, na Avenida da Praia das Casas da Taipa.
O convite partiu do Instituto Cultural do Governo da Região Administrativa Especial de Macau e da Associação Angola Macau, sendo Scoot o único representante angolano a expor no pavilhão do seu país.
“É um orgulho poder participar neste evento lusófono em Macau. Já tive a oportunidade de expor no Japão, em 2011, e será uma honra regressar à Ásia com a minha arte”, declarou o artista à FORBES ÁFRICA LUSÓFONA.
Nos últimos anos, nomes de angolanos como Lino Damião, Álvaro Macieira, Benjamin Sabby, Guilherme Mampuya e Paulo Formiga também já marcaram presença no Festival da Lusofonia de Macau, uma plataforma que, segundo Scoot, “carrega grande responsabilidade” e traduz “um novo olhar sobre a geração contemporânea de artistas angolanos”.
As obras que Armando leva a Macau refletem “uma expressividade emocional intensa”, centradas na condição humana, nos conflitos existenciais, nas emoções e na identidade. “Procuro explorar as múltiplas formas de expressão do ser humano através de composições simbólicas e técnicas mistas”, explica o artista, cuja linguagem visual combina sensibilidade e provocação estética.
A crescer em notoriedade e visibilidade internacional, Armando Scoot tem procurado transformar a arte num caminho de disciplina e sustentabilidade. “Com organização, zelo, humildade e disciplina, é possível viver da arte. Ainda há quem duvide da rentabilidade artística, mas é possível, sim, se o artista souber produzir, gerir e negociar”, defende.
O artista sublinha que a sua evolução não foi imediata: “Para chegar ao nível onde estou hoje, foi preciso paciência e posicionamento. As coisas não acontecem do dia para a noite.”

Além da pintura, Scoot tem investido na literatura artística. A publicação da sua primeira obra em Portugal e em Angola inspirou-o a escrever a sua autobiografia, que poderá ser lançada ainda este ano. “Senti necessidade de partilhar a minha trajectória, para que as futuras gerações possam estudar a história dos artistas plásticos angolanos. Pouco ou nada se escreveu sobre muitos que nos antecederam”, afirmou.
Quanto ao panorama das artes plásticas em África, especialmente nos países lusófonos, o artista considera-o “saudável”, embora reconheça limitações. “Falta-nos maior mobilidade entre os países lusófonos. A burocracia e a exigência de vistos continuam a ser entraves à circulação de artistas e ao intercâmbio cultural”, lamenta.
Para Scoot, é paradoxal “celebrar a lusofonia fora da lusofonia”. “Muitos de nós precisamos de viajar horas e fazer várias escalas para chegar a Macau, quando poderíamos organizar festivais semelhantes nos nossos próprios países”, observa.
Entre as suas metas, o artista ambiciona concluir a construção da sua galeria, continuar a representar Angola nos grandes palcos internacionais e alcançar o Leão de Ouro da Bienal de Veneza, um dos prémios mais prestigiados do mundo das artes.
“Quero continuar a impactar vidas com as minhas pinturas. Esse é o verdadeiro propósito da minha arte. Como costumo dizer, sou um eterno sonhador”, conclui o artista, hoje considerado o pintor angolano mais premiado da actualidade, com 26 distinções no currículo e que reclama, por isso, reconhecimento por parte do Presidente da República.