A Transportes Aéreos de Cabo Verde (TACV) entra numa nova fase de liderança com a nomeação de Armindo Sousa como presidente do conselho de administração, substituindo Pedro Barros.
A decisão foi tomada na assembleia-geral de accionistas realizada na Terça-feira, 21, marcando uma etapa crucial para a companhia estatal que procura consolidar a sua recuperação financeira e operacional.
O novo conselho de administração integra ainda Mário Tavares, até aqui director de Qualidade, como administrador executivo, e mantém Nádia Teixeira como membro.
A informação foi confirmada pelo accionista privado Victor Fidalgo, em declarações à Rádio de Cabo Verde (RCV), que destacou o percurso interno e a experiência dos novos dirigentes. “Os nomes já têm um certo background na casa e no sector. Esperemos que funcione”, augurou.
Com o Estado a deter 90% do capital da empresa, as decisões estratégicas da TACV continuam fortemente condicionadas pela supervisão pública, num contexto em que a transportadora enfrenta fragilidades financeiras e desafios de sustentabilidade a médio prazo.
De acordo com o mais recente relatório estatal sobre o sector empresarial, a TACV registou um resultado líquido negativo de 637,6 milhões de escudos (6,1 milhões de euros) no terceiro trimestre de 2024. Apesar de sinais de recuperação e de uma “performance operacional robusta”, os custos de leasing – 575 milhões de escudos (5,2 milhões de euros) – continuam a pesar de forma significativa nas contas.
Após o colapso da concessão da BestFly, em 2024, a companhia foi chamada a assegurar os voos domésticos, função que mantém em regime de monopólio. No entanto, várias entidades recomendam que a empresa reforce a eficiência interna e consolide o mercado interno, em detrimento das rotas internacionais, onde enfrenta a crescente concorrência de companhias low-cost.
O Governo cabo-verdiano tem, contudo, advertido que uma dependência excessiva das transportadoras de baixo custo pode fragilizar o sistema aéreo nacional, essencial para a mobilidade entre ilhas e a ligação à vasta diáspora cabo-verdiana.
A nova liderança assume, assim, o comando da TACV num momento em que a transportadora se vê entre a necessidade de racionalizar custos e a urgência de manter conectividade estratégica para o arquipélago.
*Com Lusa