O artista moçambicano Lauro Munguambe criou o primeiro baralho de cartas ilustradas com figuras históricas e lugares de Moçambique, para entreter, ensinar e “trazer o esquecido”.
“A minha missão é trazer o esquecido para o presente porque algumas crianças nem sequer conhecem Ngungunhane [último imperador do Império de Gaza], então por que não trazer esta figura e mostrar às crianças de uma forma divertida para elas aprenderem algo? Então, é por aí”, diz o artista visual e ilustrador, em Maputo.
O artista decidiu criar o baralho moçambicano após ganhar inspiração quando jogava, com a família, cartas convencionais durante a pandemia da covid-19, em 2020. Seguiu-se um processo de pesquisa, que depois levou à primeira amostra do baralho.
“Estava em casa com a família a jogar as cartas convencionais e ali percebi que tinha ilustrações e fotografias de astros de Hollywood, imagens de futebol e tudo mais, então, com a minha visão criativa, acabei por retirar essas imagens e colocar algo nosso, que vai simbolizar Moçambique cada vez que a pessoa joga ou leva o baralho, acaba por perceber algo sobre Moçambique de uma forma divertida”, diz.
O artista acrescentou que “dentro deste baralho, dentro da casa que é o Kaya, contém história, cultura e tradição moçambicanas, mas continua a ser um baralho comum, com a linguagem universal”.
Lauro Munguambe, de 32 anos, residente num dos bairros dos arredores da capital do país, criou o primeiro baralho de cartas moçambicano a que chamou Kaya, ou casa na língua bantu xi-changana, da região sul.
No processo criativo, Lauro substituiu as imagens no baralho convencional e estampou ilustrações de nomes e figuras históricas de Moçambique, paisagens e recursos faunísticos, mantendo a essência da carta, que é a sua linguagem universal, com os seus respectivos símbolos.
A primeira ilustração, segundo a Lusa, foi na carta de reis do naipe de espada, em que estampou a imagem de Ngungunhane, último imperador do Império de Gaza, que foi capturado e aprisionado por Mouzinho de Albuquerque, representando praticamente o fim da resistência contra a ocupação colonial portuguesa, em 1895.