Banca angolana chamada a mobilizar fundos para actividades ESG

Oferecer soluções financeiras para incentivar as empresas na adopção de práticas Ambientais, Sociais e de Governança (ESG na sigla em inglês) foi a missão solicitada aos bancos angolanos na Angola Banking Conference, que decorreu Quinta-feira, 16, em Luanda, sob lema “A Banca Angola e os Desafios ESG”. O evento teve como propósito analisar como as…
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Secretária de Estado do Orçamento e Investimento Público de Angola, Juciene de Sousa, referiu que os bancos, pelo impacto na economia, têm um papel crucial na promoção de um mundo mais sustentável.
Economia

Oferecer soluções financeiras para incentivar as empresas na adopção de práticas Ambientais, Sociais e de Governança (ESG na sigla em inglês) foi a missão solicitada aos bancos angolanos na Angola Banking Conference, que decorreu Quinta-feira, 16, em Luanda, sob lema “A Banca Angola e os Desafios ESG”.

O evento teve como propósito analisar como as instituições financeiras bancárias angolanas podem criar atalhos e agilizar a implementação de princípios ESG no sector, que é um dos motores das economias.

Ao proceder a abertura da conferência, a secretária de Estado do Orçamento e Investimento Público de Angola, Juciene Cristiano de Sousa, referiu que os bancos, pelo impacto na economia, têm um papel crucial na promoção de um mundo mais sustentável.

Para a responsável, as instituições bancárias podem oferecer soluções financeiras que incentivem a adopção de práticas sustentáveis pelas empresas, como empréstimos com juros mais baixos para projectos de energia renovável, ou ainda incentivar a emissão de títulos verdes e azuis, capazes de financiar projectos com eficiência energética e ambiental.

“O papel dos bancos como catalisadores das práticas ESG está directamente relacionado com a sua participação efectiva na economia, enquanto fonte de financiamento para empresas, Governos e organizações sem fins lucrativos”, disse Juciene de Sousa.

Por sua vez, o director da PWC, Nuno Filipe Cordeiro, defendeu que o desafio para implementação desta prática em Angola passa por um modelo de reconversão e estratégia económico, reforçando também a importância do envolvimento das instituições financeiras neste processo.

Nuno Cordeiro justificou a sua tese com o facto de “o país ter um peso de 0,21% das emissões de CO2, um consumo energético com origem hídrica de 66%, além da disponibilidade de 100% de capacidade própria de produção energética”.

O gestor disse ainda que a conferência, co-organizado pela revista Economia & Mercado e pela consultora PWC, permitiu debater os desafios ESG e o sector bancário, elaborar e abordar de forma concreta como a reconversão económica vai ser feita e planeada para Angola.

Na prática, segundo director da PWC, a reconversão da economia angolana, passa pela diversificação económica, a redução do peso do sector petrolífero, o alargamento dos cuidados de saúde, os desafios do êxodo rural e a resolução das alterações climáticas.

“O papel da banca angolana vai passar por mobilizar fundos para estas actividades. Existem sectores que são estratégicos, com destaque para os dos transportes, saúde, electricidade e águas. E, fruto do risco associado este papel, exige também uma participação do Estado para mitigar o risco e incentivar a mobilização destes fundos”, conclui.

Questionado sobre as fontes de financiamento internacional para Angola, Cordeiro fez saber que há uma grande procura internacional por investimento ligados à sustentabilidade. De acordo com o especialista, todo o sector financeiro a nível internacional tem sido pressionado a ter mais crédito e obrigações ligadas à sustentabilidade.

A título de exemplo, o responsável da consultora PWC frisou que, muito recentemente, Cabo Verde emitiu obrigações ESG por players do sector privado, apoiados pelo sector bancário, que encontraram investidores internacionais interessados nestes investimentos.

*Adnardo Barros

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