BFA Capital Markets quer pôr Angola na rota global do investimento

A abertura de Angola ao investimento regional e internacional está a começar a ganhar tração e as entidades que servem de ponte entre o capital e as oportunidades locais assumem agora um papel decisivo. Para o presidente da Comissão Executiva da BFA Capital Markets, Odair Costa, o momento é de “acelerar o acesso e simplificar…
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Com investidores internacionais a olharem para Angola, a BFA Capital Markets aposta numa nova fase de abertura, digitalização e produtos financeiros inovadores que podem redefinir o mercado de capitais nacional.
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A abertura de Angola ao investimento regional e internacional está a começar a ganhar tração e as entidades que servem de ponte entre o capital e as oportunidades locais assumem agora um papel decisivo.

Para o presidente da Comissão Executiva da BFA Capital Markets, Odair Costa, o momento é de “acelerar o acesso e simplificar a experiência do investidor”, num contexto em que o país desperta o interesse de capitais vindos da África do Sul, Nigéria, Maurícia, Europa, Estados Unidos e até da Ásia.

“O trabalho de abrir o país está a surtir efeito. Ainda não é aquilo que desejamos, considerando o potencial de Angola, mas há cada vez maior apetite”, sublinha Odair Costa, em entrevista à FORBES ÁFRICA LUSÓFONA.

O gestor diz acreditar que, à medida que a confiança se consolida, a entrada de investidores não-residentes poderá “no mínimo duplicar” o actual volume do mercado. “Metade das bolsas de valores em África têm já participação maioritária de investidores estrangeiros”, recorda. “A nossa também pode e deve caminhar nesse sentido”, afirma.

A BFA Capital Markets vê-se como uma ‘auto-estrada’ de acesso ao investimento, tanto para capitais externos como para o investidor angolano que começa a descobrir o mercado de capitais. Para Odair Costa, o investimento em literacia financeira será determinante para ampliar a base de investidores, tornando o mercado mais inclusivo e sofisticado. “O investimento em pessoas é primordial, mas também estamos a reforçar processos e sistemas, porque sem confiança os investidores, especialmente os externos, não vêm”, observa.

A confiança, argumenta, nasce de práticas sólidas, mas também de soluções tecnológicas que facilitem a relação do cliente com o mercado. A instituição, por exemplo, já oferece uma aplicação que permite negociar na Bodiva [Bolsa de Dívida e Valores de Angola] e abrir contas online, mas quer ir mais longe. “O nosso objectivo é que os investidores tenham uma aplicação cada vez mais user-friendly e um processo de abertura de conta mais simplificado. Em breve, será possível abrir uma conta em menos de cinco minutos, com reconhecimento facial ou da íris, sem necessidade de assinaturas físicas”, promete.

Essa transformação digital, acrescenta, insere-se num plano mais vasto de modernização do sector financeiro angolano, alinhado com a tendência global de automação e uso de inteligência artificial para tornar o investimento mais simples, rápido e intuitivo.

BFA Capital Markets ambiciona transformar o mercado de capitais angolano com tecnologia e confiança.

Produtos financeiros à medida

A BFA Capital Markets quer também ser uma plataforma de inovação financeira, adaptando os seus produtos às necessidades reais do mercado. “O compromisso é simples: vamos trazer os produtos que o mercado necessitar”, garante Odair Costa. Para já, a prioridade é oferecer instrumentos que ajudem a combater dois desafios estruturais da economia angolana: a inflação e a desvalorização cambial.

O mercado accionista tem revelado capacidade para gerar rendimentos que superam a inflação, mas a desvalorização do kwanza continua a exigir soluções específicas. Com o fim das obrigações indexadas ao dólar (OTX), previsto para Novembro de 2025, abre-se um vazio que a BFA Capital Markets quer preencher com instrumentos modernos, como non-deliverable forwards (NDF), forwards cambiais e swaps, que permitem proteger o investidor da volatilidade da moeda.

“Estamos muito atentos e tentaremos trazer soluções que garantam protecção contra a desvalorização. Contamos com o apoio do nosso banco, o BFA, para isso”, revela o gestor.

A visão de Odair Costa passa por tornar Angola num destino competitivo de capital, com base em transparência, inovação e confiança. O caminho passa tanto pela literacia e pela tecnologia como pela criação de produtos financeiros que reflitam a realidade económica nacional.

Se as ‘auto-estradas’ de investimento forem bem construídas, o mercado angolano poderá, em poucos anos, tornar-se um dos mais dinâmicos e atractivos de África, refere Odair a concluir.

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