O Banco de Poupança e Crédito (BPC) é, pela segunda vez neste ano, a instituição bancária de que os clientes mais se queixam em todo o sistema financeiro angolano, com um total de 163 reclamações, de acordo com o mais recente relatório do Departamento de Conduta Financeira do Banco Nacional de Angola (BNA), referente ao segundo trimestre.
Pelos mesmos motivos, o banco já tinha sido o ‘campeão’ das queixas dos clientes no primeiro trimestre, quando esta entidade, fundada com dinheiro público, viu os seus clientes endereçarem um total de 168 queixas contra o banco.
No último trimestre, na base das reclamações estiveram, entre outros, as movimentações indevidas de contas à ordem, funcionalidade das máquinas de pagamento automáticos (ATM) e terminais de pagamentos automáticos (TPA) afectos àquela instituição bancária, além das morosidades nas transferências bancárias realizadas entre contas do mesmo banco e de outras entidades do sistema financeiro.
Individualmente, a maior instituição bancária nacional de capitais públicos foi responsável por quase 39% do total das reclamações que os clientes da banca endereçam ao BNA, num período em que a cifra de todo o trimestre atingiu as 420 queixas.
O banco, que já está a lutar, desde há duas semanas com um problema de ataque ao seu sistema informático, volta a ser destaque por motivos nada bons. Desta vez, são os próprios clientes que, junto do banco central, protestam contra os serviços prestados por aquela instituição bancária, que tem em marcha um plano de revitalização e recapitação.
O banco liderado por António André Lopes não está sozinho no topo da lista. É imediatamente seguido pelo Banco Sol, que fechou o segundo trimestre com 45 reclamações de clientes registadas. No caso do Sol, a principal razão dos protestos prende-se com o crédito ao consumo, movimentação de contas à ordem e transferências bancárias.
A lista dos cinco bancos mais reclamados do sistema fecha com três grandes bancos da praça, precisamente o Millennium Atlântico (BMA), com 43 queixas, o Banco de Fomento Angola (BFA), com 42, e o Banco Angolano de Investimento (BAI), que, segundo o balanço do banco central, leva 36 reclamações. Na generalidade dos casos, as matérias sobre transferências bancáris, movimentação de contas à ordem e transferências ditaram as queixas dos clientes.
De acordo com o relatório do Departamento de Conduta Financeira, no domínio da gestão das reclamações apresentadas directamente ao órgão regulador, o segundo trimestre registou menos 42 queixas face ao mesmo período do ano passado, em que os consumidores de produtos e serviços financeiros apresentaram um total de 462 reclamações. “Durante o trimestre em referência, o mês de Abril registou mais reclamações, representando um peso de 36,9% do volume total”, descreve o documento.
A estatística do BNA também dá nota de que o número de reclamações registadas no segundo trimestre deo ano em curso é baixo, considerando que, em média, apenas três clientes em cada 100 mil apresentaram reclamações contra as instituições financeiras de grande dimensão e uma média de 9,3 clientes em cada 50 mil reclamaram contra as instituições de média e pequena dimensão.
No que concerne às matérias mais reclamadas, os temas ligados às contas de depósito à ordem e as transferências, congregam perto de 41% do total das reclamações apresentadas ao banco central pelos consumidores de produtos e serviços financeiros. Aliás, estes foram, em regra, os pontos de que os clientes da maioria dos bancos mais se queixaram.
Do total dos 25 bancos comerciais, nenhum ‘escapou’ da queixa dos clientes. A lista de todos os bancos reclamados fecha com dois pequenos bancos, nomeadamente o BIR e o VTB, com uma reclamação cada.
