Braço económico da ONU alerta para a necessidade de reformas em Moçambique

O Departamento das Nações Unidas para Assuntos Económicos e Sociais (UNDESA, na sigla em inglês) alertou, recentemente, para a necessidade de se acelerar nas reformas económicas na República de Moçambique com vista a materialização da meta de crescimento económico de 3,8% previsto para este ano. Através da sua especialista em assuntos económicos para os países…
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Apesar da pandemia, que constitui prioridade na estratégia de vários países, departamento dos assuntos económicos da ONU quer reformas nas políticas económicas naquele país do índico africano.
Economia

O Departamento das Nações Unidas para Assuntos Económicos e Sociais (UNDESA, na sigla em inglês) alertou, recentemente, para a necessidade de se acelerar nas reformas económicas na República de Moçambique com vista a materialização da meta de crescimento económico de 3,8% previsto para este ano.

Através da sua especialista em assuntos económicos para os países africanos de expressão portuguesa, Helena Afonso, o órgão entende que, apesar de a pandemia constituir prioridade na grande parte das geografias mundiais, este não deve forçar ao adiamento das reformas económicas.

“A economia cresce de forma frágil e excessivamente concentrada no sector extrativo, e, apesar de a prioridade ser gerir os efeitos da pandemia e resolver a insegurança em Cabo Delgado, a médio prazo, são necessárias reformas estruturais nas infraestruturas para melhorar o crescimento e sustentar a recuperação económica”, disse a economista da ONU, citada pela Lusa.

As notas sobre Moçambique e o comportamento da sua economia formam avançadas por altura do lançamento das perpectivas económicas mundiais, e na mesma altura em que se faziam projecções para outros países do continente, nomeadamente Angola, que só volta aos níveis de crescimento de antes da pandemia após 2023, como escreveu a FORBES ÁFRICA LUSÓFONA na edição online desta segunda-feira.

Para Helena Afonso, “as restrições da pandemia e a situação em Cabo Delgado continuam a limitar o crescimento económico, mas tem sido mitigado pelas exportações de matérias-primas”.

Dados disponíveis apontam que o país lusófono africano deve ter crescido 2,1%, em 2021. Para já, as previsões do UNDESA apontam para uma aceleração de 3,8% no PIB moçambicano este ano, “fruto do aumento da produção de gás natural, exportações de carvão e alumínio e projetos de infraestruturas em mineração e energias”.

Entretanto, Helena Afonso não passou o lado da situação macroeconómica daquele país. Para a especialista da ONU, o país enfrenta “pressões inflacionárias relativamente fortes devido ao preço das matérias-primas importadas, como os combustíveis, disrupções nas cadeias de abastecimento, mas poderá haver um desenvolvimento do gás e alguma retoma do consumo privado, contando com diminuições nas restrições de combate à pandemia, com a vacinação a avançar”.

NO que à toca à dívida pública e dos impactos das ‘dívidas ocultas’, Helena Afonso considera que “o país ainda sente os efeitos dos problemas da dívida de 2016, que tem limitado o investimento públicos”.

Aponta, entretanto, que “os doadores internacionais regressaram ao envolvimento com Moçambique dadas as necessidades da pandemia e o conflito no Norte”.

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