Braima Camará é o novo primeiro-ministro da Guiné-Bissau

Braima Camará, figura central da política guineense e líder do Movimento para Alternância Democrática G-15 (MADEM G-15), foi nomeado, esta Quinta-feira, primeiro-ministro da Guiné-Bissau por decreto presidencial, sucedendo a Rui de Barros. A nomeação ocorre a poucos meses das eleições legislativas, marcadas para Novembro, e sinaliza uma viragem estratégica no xadrez político do país. A…
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A nomeação do líder do Movimento para Alternância Democrática G-15 (MADEM G-15) por decreto presidêncial, numa conjuntura política decisiva com eleições à porta, marca o regresso de um veterano ao Governo, agora como chefe do Executivo.
Líderes

Braima Camará, figura central da política guineense e líder do Movimento para Alternância Democrática G-15 (MADEM G-15), foi nomeado, esta Quinta-feira, primeiro-ministro da Guiné-Bissau por decreto presidencial, sucedendo a Rui de Barros. A nomeação ocorre a poucos meses das eleições legislativas, marcadas para Novembro, e sinaliza uma viragem estratégica no xadrez político do país.

A decisão do Presidente da República segue-se à exoneração de Rui de Barros, alto dirigente do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que havia assumido o cargo a 20 de Dezembro de 2023.

Braima Camará, que até a sua nomeação era deputado da Nação eleito nas últimas eleições legislativas, regressa assim ao centro da governação, agora como chefe do Executivo, num momento de particular tensão e expectativa no panorama político nacional.

Nascido a 3 de Agosto de 1968, em Geba – localidade situada na região Leste da Guiné-Bissau –, Braima Camará é um nome bem conhecido no país, tanto no meio empresarial como político. A sua trajectória remonta aos anos em que se destacou como um dos empresários mais dinâmicos da Guiné-Bissau, tendo sido condecorado pela Câmara de Comércio e Indústria AIP (Associação Industrial Portuguesa), por intermédio do comendador Jorge Rocha de Matos, numa cerimónia sob a orientação do então Presidente da República de Portugal, Aníbal Cavaco Silva. Camará foi ainda distinguido com o “Troféu de Ouro” atribuído pela organização internacional Business Initiative Directions (BID), em reconhecimento do seu percurso empresarial.

A sua influência estendeu-se também à esfera pública, onde desempenhou relevantes funções como conselheiro económico e para o investimento privado de distintos Chefes de Estado da Guiné-Bissau. Foi conselheiro para Assuntos Económicos do General João Bernardo “Nino” Vieira, conselheiro Especial do Presidente Malam Bacai Sanhá e, mais tarde, do Presidente José Mário Vaz. Esta experiência acumulada junto dos mais altos níveis da governação consolidou a sua reputação como estratega político e especialista em assuntos económicos.

A escolha de Braima Camará pode ser interpretada como um movimento de reposicionamento político, visando equilibrar forças e consolidar alianças antes do escrutínio de Novembro.

Braima Camará iniciou a sua carreira política activa no seio do PAIGC, onde militou durante a juventude. No entanto, divergências internas profundas levaram à sua expulsão, juntamente com outros 15 membros, por manifestarem em votos a discordância com a liderança do partido. Esse episódio, ocorrido em 2016, foi determinante para a fundação, dois anos depois, do MADEM G-15 – força política que viria a afirmar-se como a segunda maior do país.

Para além da liderança do MADEM G-15, Camará é também membro fundador da Plataforma API Cabaz Garandi, que integra diferentes sensibilidades políticas em torno de um projecto comum de governação e estabilidade institucional.

A sua nomeação para liderar o Executivo ocorre num momento crítico para a Guiné-Bissau, que enfrenta desafios significativos em matéria de estabilidade política, reforma institucional e crescimento económico sustentável. Com o calendário eleitoral à vista, o novo primeiro-ministro terá a missão de gerir uma transição delicada, enquanto procura reforçar a credibilidade das instituições e a confiança dos cidadãos.

A escolha de Braima Camará pode ser interpretada como um movimento de reposicionamento político, visando equilibrar forças e consolidar alianças antes do escrutínio de Novembro. A sua experiência transversal – que abrange o sector privado, a consultoria presidencial e a liderança partidária – poderá revelar-se determinante para garantir estabilidade e governabilidade, num contexto marcado por volatilidade.

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