Brasil quer reforçar relações económicas com África

O presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), Jorge Viana, afirmou esta semana que o país "vai voltar a África" e prometeu intensificar o trabalho com os Estados falantes da língua portuguesa. “A nossa origem é África e para África voltaremos”, afirmou Jorge Viana, durante o Seminário Empresarial Brasil-Portugal. O responsável…
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Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, quer reverter o desinteresse por África e planeia duas visitas ao continente, que incluirão, entre outros, Angola, Moçambique e São Tomé e Príncipe.
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O presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), Jorge Viana, afirmou esta semana que o país “vai voltar a África” e prometeu intensificar o trabalho com os Estados falantes da língua portuguesa.

“A nossa origem é África e para África voltaremos”, afirmou Jorge Viana, durante o Seminário Empresarial Brasil-Portugal.

O responsável pela agência que promove produtos e serviços brasileiros no exterior, criticou ainda o facto de o Brasil estar ausente de África há sete anos, numa referência aos Governos anteriores de Jair Bolsonaro e Michel Temer.

Agora, com o regresso de Lula da Silva à presidência brasileira, Jorge Viana prometeu um reforço da Apex na Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), em áreas como a saúde, tecnologia, mobilidade e energia.

Estas declarações surgem numa altura em que a imprensa brasileira noticiou que o Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, quer reverter o desinteresse por África e planeia duas visitas ao continente, que incluirão, entre outros, Angola, Moçambique e São Tomé e Príncipe.

De acordo com o jornal brasileiro O Globo, que cita fontes diplomáticas, o objectivo das duas visitas em preparação é não só reverter o desinteresse diplomático do governo brasileiro anterior, mas também fomentar as trocas comerciais entre o ‘gigante’ sul-americano e o continente africano.

“O Presidente brasileiro quer mudar a estratégia da sua política externa para englobar as nações da África, com um misto de assistência e foco económico”, escreve o Globo, notando que nas duas últimas presidências de Lula, o chefe de Estado visitou 23 países africanos em 12 viagens à região.

Entre os oito países identificados pelo jornal estão os lusófonos Angola, Moçambique e São Tomé e Príncipe, a que se juntam Senegal, Gana, Etiópia e Nigéria, além da reabertura da embaixada na Serra Leoa e a criação de uma representação diplomática adicional no Ruanda.

A África do Sul é o principal cliente do Brasil, comprando bens no valor de 1,7 mil milhões de dólares, seguida da Nigéria, com 875 milhões de dólares, e Angola, com 640 milhões de dólares.

O afastamento decretado pelo anterior Governo, liderado por Jair Bolsonaro, fez com que o Brasil privilegiasse as relações com a China, Espanha, Índia, Rússia e Turquia, mas na agenda de Lula da Silva a cooperação sul-sul é mais importante, explica o diplomata citado pelo Globo.

Exportações brasileiras com valor record em 2022

No ano passado, as exportações brasileiras bateram o recorde de 12,75 mil milhões de dólares, ficando apenas ligeiramente acima dos 12,2 mil milhões de dólares registados em 2011, no primeiro ano do Governo de Dilma Rousseff. De África, o Brasil importou produtos e serviços no valor de 8,5 mil milhões de dólares.

O Brasil exporta principalmente açúcar, carnes de frango e bovino, óleos e combustíveis, milho e soja, importando fertilizantes, petróleo, metais como prata e platina, químicos e insumos industriais, de acordo com o Globo.

A África do Sul é o principal cliente do Brasil, comprando bens no valor de 1,7 mil milhões de dólares, seguida da Nigéria, com 875 milhões de dólares, e Angola, com 640 milhões de dólares.

Em sentido inverso, os principais fornecedores do Brasil são a África do Sul, com 908 milhões de dólares em vendas para o Brasil, e Angola, com 766 milhões de dólares, de acordo com os dados apresentados pelo jornal brasileiro.

África representou 3,5% das trocas comerciais brasileiras em 2022, uma queda face aos 5,9% de 2014, nota ainda o Globo.

Com Lusa

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