Cabo Verde voltou a destacar-se entre os países africanos lusófonos ao ocupar o 16.º lugar no Índice Absa dos Mercados Financeiros Africanos 2025, elaborado pelo banco sul-africano Absa em parceria com a Comissão Económica das Nações Unidas para África (UNECA). O ranking, que avalia o nível de desenvolvimento, transparência e resiliência dos sistemas financeiros do continente, analisou 29 economias africanas que, em conjunto, representam cerca de 80% do PIB de África.
Apesar de ter recuado duas posições face ao ano anterior – passando de 14.º para 16.º lugar – Cabo Verde mantém-se entre as economias mais estáveis e promissoras em matéria de regulação e inovação financeira. O relatório destaca, entre outros avanços, a aprovação de nova legislação que “permite a exploração de moedas digitais dos bancos centrais”, sinalizando abertura para a transformação digital e monetária do arquipélago.
Moçambique surge em 23.º lugar, uma posição acima do ano anterior, impulsionado pela implementação de uma nova estratégia nacional de inclusão financeira. Angola, por sua vez, subiu para 24.º lugar, com o relatório a destacar a “impressionante queda na inflação”, factor que tem vindo a reforçar o ambiente macroeconómico e a confiança dos investidores.
Na sua nona edição, o índice mede o grau de maturidade dos mercados financeiros africanos com base em seis pilares: profundidade do mercado, acesso a moeda estrangeira, transparência fiscal e regulatória, desenvolvimento dos fundos de pensões, ambiente macroeconómico e padrões legais e de aplicabilidade.
Segundo o relatório, o Índice serve como “referencial para a infra-estrutura do mercado e uma oportunidade para os decisores políticos aprenderem com os melhoramentos feitos em todo o continente”, promovendo maior integração financeira e partilha de boas práticas.
Claver Gatete, secretário-executivo da UNECA, sublinhou que o estudo “destaca a crescente importância do financiamento alinhado com o clima, com mais economias a emitir obrigações verdes e a realizar testes de stress climático”. O dirigente alertou, contudo, que “manter este impulso exigirá um compromisso inabalável com a transparência, a segurança jurídica e a expansão do investimento institucional doméstico”.
Estabilidade, Sustentabilidade e Oportunidade
O desempenho dos países africanos lusófonos no índice Absa reflecte um movimento gradual de fortalecimento institucional e amadurecimento financeiro, ainda que a ritmos distintos. Cabo Verde, com um sistema financeiro relativamente robusto e um enquadramento regulatório estável, continua a ser visto como um modelo de governação prudente e de inovação monetária.
Em Moçambique e Angola, a subida nas posições, embora modesta, assinala uma viragem importante. Em Maputo, as reformas de inclusão financeira e o reforço das reservas internacionais abrem espaço para maior profundidade do mercado. Em Luanda, a descida da inflação e o controlo cambial estão a criar as bases para uma integração mais competitiva nos fluxos financeiros regionais.
Num contexto em que o financiamento sustentável e as obrigações verdes ganham centralidade, os países lusófonos têm a oportunidade de posicionar-se como destinos emergentes de capital responsável, alinhando-se com as metas da Agenda 2063 da União Africana e dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável. A consolidação de mercados financeiros transparentes e inclusivos será determinante para transformar estabilidade macroeconómica em crescimento sustentável.