Confiança das mulheres em tecnologia cresce, mas desigualdade persiste – relatório

Uma década após o lançamento do programa “Mulheres na Tecnologia”, o Web Summit revela, no seu mais recente Relatório Anual sobre o Estado de Género na Tecnologia, apresentado hoje, um panorama simultaneamente promissor e inquietante. Embora as mulheres estejam hoje mais confiantes e preparadas para assumir posições de liderança, a percepção geral é a de…
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Uma década depois do lançamento do programa “Mulheres na Tecnologia”, o Web Summit revela no seu mais recente relatório que, apesar da confiança crescente, as desigualdades de género continuam enraizadas no sector tecnológico.
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Uma década após o lançamento do programa “Mulheres na Tecnologia”, o Web Summit revela, no seu mais recente Relatório Anual sobre o Estado de Género na Tecnologia, apresentado hoje, um panorama simultaneamente promissor e inquietante. Embora as mulheres estejam hoje mais confiantes e preparadas para assumir posições de liderança, a percepção geral é a de que o equilíbrio de género no sector tecnológico sofreu um retrocesso. Cerca de 60% das participantes afirmam que a desigualdade aumentou no último ano.

O estudo, que ouviu 671 profissionais de diferentes continentes — Europa, América do Norte, América do Sul, Ásia e África — mostra que 81% das mulheres se sentem prontas para liderar, num sector ainda dominado por uma cultura de “clube dos rapazes”. Quase 75% acreditam que a Inteligência Artificial (IA) e a automação poderão ser aliadas no avanço da equidade, da criatividade e do equilíbrio profissional. Contudo, uma em cada quatro mulheres receia que estas mesmas tecnologias venham a aprofundar os vieses e discriminações já existentes.

Desde 2013, o Web Summit tem procurado alterar o paradigma de género na tecnologia. O programa “Mulheres na Tecnologia”, criado em 2015, traduziu-se num crescimento expressivo da participação feminina: de 25% em 2013 para 42% em 2016, valor que se tem mantido estável e próximo da paridade nos anos subsequentes. O Web Summit 2024 registou ainda um salto nas startups fundadas por mulheres, que passaram de 29% em 2023 para 44,5% em 2024 — um avanço histórico que reflecte a consolidação de uma nova geração de fundadoras e líderes tecnológicas.

Apesar dos progressos, os desafios estruturais persistem. Barreiras invisíveis, preconceitos de género e culturas corporativas excludentes continuam a limitar a ascensão de mulheres a cargos de decisão. A próxima década, segundo os organizadores do Web Summit, será decisiva para traduzir a confiança crescente em poder efectivo, garantindo que a tecnologia se torne, de facto, um terreno fértil para a igualdade e a inovação inclusiva.

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