Crescimento económico da África subsaariana deverá desacelerar de 4,1% em 2021

O Banco Mundial (BM) reviu em baixa o crescimento económico da África subsariana, antecipando uma expansão de 3,3%, abaixo dos 4,1% de 2021. A instituição, no seu relatório "Pulsar África", defende a necessidade "urgente" de se restaurar a estabilidade macroeconómica da região. "Os ventos contrários globais estão a abrandar o crescimento económico africano, com os…
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Banco Mundial revê crescimento da África subsaariana em baixa para 3,3% este ano, menos 0,3 pontos percentuais que o previsto em Abril.
Economia

O Banco Mundial (BM) reviu em baixa o crescimento económico da África subsariana, antecipando uma expansão de 3,3%, abaixo dos 4,1% de 2021. A instituição, no seu relatório “Pulsar África”, defende a necessidade “urgente” de se restaurar a estabilidade macroeconómica da região.

“Os ventos contrários globais estão a abrandar o crescimento económico africano, com os países a continuarem a lidar com a subida da inflação e as dificuldades no progresso na redução da pobreza”, lê-se no documento, apresentado em Washington, Estados Unidos da América, nas vésperas dos Encontros Anuais do BM e do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Segundo o relatório o crescimento económico na África subsaariana deverá desacelerar de 4,1%, em 2021, para 3,3% este ano, o que representa uma revisão em baixa de 0,3 pontos percentuais (pp) desde a previsão de Abril, principalmente em consequência do abrandamento do crescimento mundial, incluindo a redução da procura chinesa de matérias-primas produzidas em África.

A África subsaariana, apontam os economistas do Banco Mundial, está a ser muito prejudicada pela guerra entre a Rússia e a Ucrânia, que fez com que a inflação ficasse acima dos 5% em 29 dos 33 países da região com informação atualizada e 17 a registarem um aumento dos preços a dois dígitos.

“Esta tendência compromete os esforços para a redução da pobreza, que já tinham sido abalados pelo impacto da pandemia da Covid-19”, realça o relatório.

O chefe do Banco Mundial para África, Andrew Dabalen, defende, por isso, uma “acção urgente” por parte dos decisores políticos para proteger os mais vulneráveis. O responsável sugere ser necessário restaurar a estabilidade macroeconómica e apoiar as famílias mais pobres, bem como reorientar a despesa em alimentos e agricultura para garantir uma resiliência futura.

Quanto a dívida pública, o Banco Mundial diz que vai continuar elevada, acima dos 58,6% do PIB este ano. A instituição monetária acrescenta que os governos africanos gastaram 16,5% da sua receita a pagar a dívida externa no ano passado, quando em 2010 a percentagem das receitas que destinadas para a dívida estava em menos de 5%.

“Oito dos 38 países elegíveis para a IDA estão com dívida problemática [‘debt distress’], e outros 14 estão em risco de se juntarem. Ao mesmo tempo, os elevados custos de financiamento comercial tornam difícil para esses países financiarem-se nos mercados nacionais e internacionais, num contexto em que o aperto das condições monetárias está a enfraquecer as moedas e a aumentar os custos de endividamento externo para os países africanos”, lê-se ainda no relatório.

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