Depois de estar 19 anos a trabalhar na banca, Adalgisa Massango decidiu largar e criar o seu próprio negócio e a escolha recaiu para o sector da moda. Na verdade, a fundadora e CEO da Portofino, uma marca que produz e comercializa roupa masculina há sete anos, começou a ganhar o gosto pela moda ainda na adolescência.
As circunstâncias da vida a levaram a trabalhar para banca, onde ganhou experiência e juntou dinheiro para abrir a primeira loja no centro de Luanda. Desde o início quis desenvolver um negócio diferenciado que oferecesse ao mercado produtos de alta qualidade como as marcas de moda internacionais.
Optou por ir à Itália, para negociar um modelo de Franchising com marcas de referência mundial como Dolce & Gabbana, Versace e Brione. E conseguiu. “No processo de franquias, abri uma loja na cidade de Luanda, na Rei Katyavala e como já tinha a estrutura foi só criar o DNA da marca”, conta Adalgiza Massango, formada em gestão.
O nome da marca foi inspirado na aldeia piscatória na Riviera italiana, a Sudeste de Génova, uma cidade com boutiques de luxo e restaurantes de marisco, que a empresária visitou várias vezes e buscou inspiração. “Chama-se Portofino pelo facto de visitar uma cidade com o mesmo nome e que gostei muito na Itália”, lembra.
Mas, havia um pequeno problema. Para desenvolver a marca, Adalgisa precisava de ter conhecimento e pessoal qualificado em matéria de moda, por isso, recorreu ao grupo português Mário Baptista, especialista em comércio grossista de têxteis, que a ajudou na criação da marca e na filosofia do modelo de negócio que desenvolve até hoje.
Com o sucesso de vendas que estava a ter no negócio de franquia das marcas italianas, a empresária decidiu, em 2014, mudar a estratégia: oficializou a sua própria marca e abriu a primeira loja Portofino, num centro comercial de Talatona, zona sul de Luanda.
“Portanto, este processo foi todo desenvolvido com a ajuda de uma equipa de profissionais portugueses e com a apoio do grupo Mário Baptista”, diz, acrescentando, “o DNA da marca e as minhas lojas Portofino vem praticamente prontas de Portugal e depois é só fazer a montagem”.
Um investimento de 100 milhões de kwanzas
Quem entra pela primeira vez numa loja Portofino, não imagina que por trás de uma estrutura de 320 metros quadrados, com roupas e artigos masculino sofisticados, está uma mulher. Aliás, esta sempre foi a dúvida dos clientes.
Adalgisa Massango conta à FORBES que, para a montagem da marca Portofino, recorreu a um empréstimo bancário de quase 100 milhões de kwanzas, que serviu para a compra do espaço em Talatona e pagamento dos custos operacionais.
“Devo confessar que, consegui esse feito por estar dentro da banca e por ter um bom histórico, além de mostrar disponibilidade e um bom estudo de viabilidade. A Portofino é hoje uma marca de sucesso porque foi feita com muito cuidado, com um investimento muito grande, que foi crescendo ao longo do tempo”, refere a gestora.
Depois do arranque, a empreendedora não parou. Continuou a investir e, no ano seguinte, decidiu renovar a loja localizada na baixa da cidade, que deixou de comercializar roupas de outras marcas, passando a vender apenas produtos 100% Portofino para ter um padrão único.
“Depois disso, peguei no espaço da cidade e renovei-o no sentido de ter uma característica única e seguidamente. Abri num outro shopping no bairro Morro Bento, a convite da gestão do próprio centro comercial, como reconhecimento daquilo que já tinha feito em outras superfícies comerciais”, detalha.
Em 2019 decidiu arriscar ainda mais e expandir o negócio para fora de Angola. Abriu a primeira loja da marca na Avenida da Liberdade, uma das artérias mais caras da capital portuguesa, na qual investiu perto de um milhão de euros e que conseguiu também graças a um financiamento da banca lusa.
À FORBES, a empresária, natural de Luanda, explica que o plano não correu da melhor forma, tudo por conta da pandemia da COVID-19 que assola o mundo desde finais de 2019. “A Covid afectou muito o nosso negócio, por exemplo, em Portugal, tive que fechar e foi um investimento de um milhão e poucos euros, que se traduz num prejuízo muito grande”, lamenta.
Mas, Adalgisa Massango não desarmou e já está a dar a volta a situação. Virou as baterias para o mercado angolano, onde detém três lojas e perto de 28 colaboradores directos, embora admita que será forçada a diminuir para 23. A empresária diz saber onde quer chegar, por isso, está determinada em prosseguir com o negócio.