Opinião

Dar a cana, ensinar a pescar e construir o mercado: Um novo paradigma para a arte africana

João Boavida

Há quem insista que África precisa de ajuda. Eu acredito que o que o continente precisa é de estrutura, visibilidade e respeito. Foi com essa convicção que fundei a Afrikanizm Art — uma plataforma que liga tecnologia, curadoria e sustentabilidade, para colocar a arte africana e afrodescendente no lugar que merece: no centro do mercado global.

Acredito profundamente que a arte africana não precisa de caridade. Precisa de palco. E é isso que procuramos construir todos os dias: um palco global, onde os artistas possam ser vistos, valorizados e justamente remunerados. Em vez de dar o peixe, damos a cana, ensinamos a pescar — e, sobretudo, criamos o mercado onde esse peixe pode ser vendido com dignidade.

O nosso modelo é simples e transparente: com uma comissão justa de 25%, já gerámos mais de meio milhão de euros em vendas, dos quais 375 mil euros foram directamente para os artistas e para a suas famílias. Hoje, somos uma comunidade de mais de 200 artistas de 18 países africanos — e estamos apenas a começar.

“A melhor forma de apoiar a arte africana não é tratar os seus criadores como excepções — é tratá-los como protagonistas.”

Mas a Afrikanizm não é só uma plataforma de vendas. É uma infra-estrutura de capacitação: oferecemos mentoria artística, desenvolvimento de imagem, curadoria personalizada e apoio à internacionalização. Fazemos isto porque acreditamos que profissionalizar é libertar. E porque sabemos que há um potencial criativo em África que não pode continuar a ser ignorado ou subvalorizado.

Em 2025, queremos escalar: chegar a 2 mil artistas activos, passar de 6 para 12 exposições anuais, formar parcerias com 200 galerias e expandir a nossa presença para o Brasil, os EUA e o Dubai. E queremos fazê-lo com investidores e parceiros que compreendam o valor desta proposta: arte com impacto, cultura com escala, fair trade com ambição.

Aos que investem com propósito, deixo um convite: juntem-se a este movimento. Porque quando se investe na arte africana com estrutura e ética, não se está apenas a apoiar artistas — está-se a transformar mercados, a reequilibrar narrativas e a gerar valor económico real. A melhor forma de apoiar a arte africana não é tratar os seus criadores como excepções — é tratá-los como protagonistas.

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