A desvalorização da moeda angolana (kwanza) tem “beliscado os negócios” da Heavy Truks e Equipaments, da Robert Hudson Caetano, segundo o seu director comercial, Alexandre Sousa.
Numa conversa com a FORBES ÁFRICA LUSÓFONA, o responsável considerou que o mercado automóvel em Angola está ligeiramente abaixo do ano passado, acreditando num crescimento até ao final de 2025.
“Beliscado até é um termo um bocadinho simpático, porque, de facto, com a desvalorização da moeda e com o facto de nós trabalharmos com o kwanza e, muitas das vezes, como importador, compramos em dólar e em euro. Portanto, o produto automaticamente com a desvalorização, fica um pouco mais caro. Temos que arranjar outras formas de captar clientes”, afirmou.
Alexandre Sousa, que falava à margem da 40.ª edição da Feira Internacional de Angola (FILDA), assumiu que têm sido muito imaginativos e dedicados para estar presente na vida dos clientes.
“Temos que trabalhar com margens diferentes e com uma forma de estar completamente diferente. Compramos assim porque somos importadores e distribuidores. Portanto, compramos fora e ao vender aqui temos que obviamente vender em kwanza”, referiu.
O director comercial entende que deve haver medidas protecionistas por parte do Governo angolano, salientando o papel dos bancos para facilitar a relação com os clientes.
“Era muito importante que os bancos não tivessem taxas de juro de 22, 23, 24 e 25%. Essas taxas de juro para clientes empresariais que não têm milhões e milhões e milhões de kwanzas para pagar de uma só vez, o financiamento seria muito importante. Lanço aqui um alerta e um apelo às entidades bancárias pelo facto de trabalhar com 25%, portanto, ao mês é muito, muito dinheiro e ainda carece”, apelou.
Entretanto, o director comercial da Caetano Angola, Paulo Barreiros, admitiu que 2025 está a ser um ano com algumas dificuldades devido à conjuntura económica e, sobretudo, de alguma dificuldade de gestão da moeda nacional.
“2024 foi um ano que importamos mais, porque depois temos que ficar sempre com unidades no stock para vender no início do ano, mas tivemos vendas cerca de 800 viaturas”, disse Pulo Barreiros, sem avançar as receitas das vendas.
Paulo Barreiros assegurou que o sector automóvel tem vindo a dar passos mais sólidos neste segundo semestre, dando conta que o índice de confiança do consumidor final voltou a reerguer-se.
“Neste momento, estamos já com perspectivas de crescimento no segundo semestre bastante diferentes do que aconteceu no início do ano. Este ano a meta é vender 1200 carros. Veja que estamos a falar de um crescimento de 50% face ao ano passado. Nós temos operações directas nas nossas instalações”, reforçou.