O rápido desenvolvimento económico de Angola e a sua posição geopolítica são alguns factores que atraíram a Dubai Investments Park Angola (DIP Angola) – subsidiária integralmente detida pela Dubai Investments, uma das maiores empresas de investimento nos Emirados Árabes Unidos – a avançar em 2024 com a construção da primeira zona económica integrada (ZEI) do país.
A empresa, fundada em 1995, cria negócios e estabelece parcerias com entidades dinâmicas, gerando oportunidades de investimento estratégico em todas as regiões, com a aplicação de conhecimento e experiência para se expandir organicamente, com o foco de ser um motor de crescimento fiável em sectores como o imobiliário, materiais de construção, investimentos, cuidados de saúde e educação, entre outros.
Os interesses e os investimentos da Dubai Investments reflectem a atenção contínua da empresa à diversificação de negócios para impulsionar o crescimento, em linha com as tendências da indústria global. Ancorada no sólido desempenho que vem registando, na transparência dos negócios e nas modernas e eficientes estratégias de investimento, promove uma comunidade empresarial dinâmica, sendo o seu objectivo continuar a facilitar o crescimento sustentável dos mercados em que actua.
A primeira zona económica integrada de Angola está a ser erguida numa área de 2000 hectares ao longo da costa atlântica, na província do Bengo, município do Dande, e combinará espaços industriais, comerciais, residenciais e recreativos, o que vai permitir criar um ecossistema urbano holístico para fomentar a inovação, oportunidades de emprego e impulsionar o crescimento sustentável. A DIP Angola foi meticulosamente pensada para acomodar uma gama diversificada de indústrias, incluindo as áreas logística, tecnológica, de retalho e turística.
O projecto, orçado em 500 milhões de dólares e que estará concluído dentro de 12 ou 15 anos, foi pensado entre 2012 e 2013 pelo empresário Jaafar Lakkis, que nasceu há 42 anos em Kinshasa, República Democrática do Congo (RDC), mas que reside em Angola desde os seus 20 anos de idade.
“Com o surgimento da crise financeira em 2014 e a desvalorização da moeda nacional, o kwanza, preferimos dar um tempo e esperar onde é que o mundo vai. Foi a partir daí que consolidámos os nossos contactos, fizemos uma boa amizade e assinámos acordo de parceria. Fruto disso, entre 2017 e 2018, decidimos que tínhamos mesmo de entrar”, conta à FORBES ÁFRICA LUSÓFONA o sócio-gerente da Dubai Investments Park Angola, Jaafar Lakkis.
O empreendimento será uma réplica do que já existe no Dubai, que começou com um investimento de 100 milhões de dólares e hoje já totaliza cerca de 50 mil milhões de dólares.
Angola foi seleccionada para acolher uma infra-estrutura do género por causa das inúmeras vantagens e características que muitos países africanos não têm. “Se olharmos para a RD Congo, vamos ver que tem um porto muito limitado, e o Botsuana não tem. Isso já é suficiente, estamos a falar de dois países que têm cerca de 110 milhões de habitantes”, justifica.
Para o empresário formado em Relações Internacionais na Roménia, Angola apresenta uma dimensão muito voltada para a indústria, que permite exportar por via marítima para alguns países fronteiriços, como Gabão, Camarões e Congo-Brazzaville.
Entretanto, numa primeira fase, através de um investimento directo de 150 milhões de dólares, a Dubai Investments Park Angola vai garantir energia, água, asfalto, incluindo a construção de algumas indústrias.
O layout geral do parque integra instalações de última geração adaptadas às necessidades específicas de cada sector, oferecendo um amplo espaço para pequenas, médias e grandes empresas. “Mas tenho de explicar uma coisa muito importante: o projecto é nosso, mas o investimento é de terceiros. Por exemplo, assim que terminarmos a fase 1, pretendemos construir fábricas de alumínio e vidro. Temos também alguns sócios que querem desenvolver outras fábricas que estão a ser estudadas agora”, adianta Jaafar.
Questionado sobre os custos de aquisição do espaço em que será erguida a infra-estrutura, o responsável precisou que ronda os 22 milhões de dólares. “Já foi feita uma vedação de 17 quilómetros. No total, vamos investir cerca de 40 milhões de dólares em fábricas. Só as máquinas da fábrica de vidro, que já se encontram no Dubai, custam cerca de 20 milhões de dólares”, destaca.
Para além disso, está prevista a construção de um resort e um campo de golfe de 18 buracos e várias opções de habitação, desde luxuosas residências à beira-mar a opções mais acessíveis, todas estrategicamente posicionadas perto de centros comerciais e industriais, onde a empresa vai investir perto de outros 20 milhões de dólares. O primeiro centro integrado de uso misto de África vai permitir acomodar uma comunidade estimada em 200 000 residentes e criar 140 000 empregos.
A província do Bengo foi escolhida para implementação desse projecto devido ao futuro Porto da Barra do Dande e à Zona Franca de Desenvolvimento Integrado da Barra do Dande (ZFDIBD), que tem como objectivo garantir a segurança alimentar, energética e o desenvolvimento económico e industrial do país.
“Há vários sectores. Todas as grandes fábricas e indústrias estão a ser construídas na província do Bengo. Naquela zona, já existe uma fábrica de mosaico e de ferro, e também está a ser instalada uma fábrica de alumínio pelo governo chinês”, acrescenta.
O projecto está estrategicamente dividido em várias fases de desenvolvimento para se alinhar com os objectivos económicos de Angola. Esta abordagem faseada facilita o crescimento direccionado e escalável, permitindo flexibilidade na resposta à dinâmica do mercado. O desenvolvimento das infra-estruturas, incluindo estradas e serviços públicos, será feito por etapas com base nas avaliações do mercado e na procura. O empreendimento visa igualmente tornar-se um pólo turístico e industrial, com um desenvolvimento sustentável alinhado com o Ministério do Ambiente de Angola.
Neste sentido, a estratégia paisagista do DIP Angola interliga várias tipologias, criando espaços verdes à medida e que vão ao encontro das diversas necessidades da comunidade, e também leva em conta uma rede de espaços verdes abertos para controlo de inundações, resfriamento urbano, promovendo estilos de vida activos e saudáveis. Oferece ainda diversos tipos de paisagens, abrangendo habitat, zonas de amortecimento, parques, campos de jogos e espaços de lazer, incorporando uma variedade de plantas nativas e adaptativas adequadas às condições locais. “Criamos barreiras resilientes e esteticamente agradáveis para todas as estações”, garante.
Ao avaliar o mercado angolano, o empresário, que começou a investir no sector da construção, diz ser um país “que só oferece vantagens”, considerando que Angola está numa direcção que convida muitas empresas internacionais.
“Angola tem muitos minérios como ouro, cobre, cobalto e fosfato. Esses minérios não estavam a ser aproveitados. Todos nós sabemos que o Código Mineiro foi feito há pouco tempo. Tudo isso são elementos que vão aumentar a força económica de Angola, sem esquecer o Corredor do Lobito, que também vai mudar o contexto da exportação de minérios no país”, considera o sócio-gerente da DIP Angola.