A proposta de Orçamento de Estado do governo moçambicano, enviada recentemente ao Parlamento, projecta um crescimento da economia do país de 5% no próximo ano, sendo que a maior contribuição para o previsto crescimento deverá vir do sector extrativo, com 23,1%, e o menor contributo do comércio (2,3%).
O sector extrativo já estava no topo em 2021, altura em que contribuiu com 10,7% de crescimento para o PIB moçambicano avançar 3,6% no global, quando calculada a média de crescimento de 14 setores.
“O plano de produção do sector da indústria extrativa para o ano 2023 prevê um crescimento global de 23,1% que terá como suporte o aumento da produção de rubis, carvão, areias pesadas (ilmenite, zircão e rutilo), gás natural e de materiais de construção”, lê-se na proposta do OE, citada pela Lusa.
O documento que prevê também uma subida na produção de ouro de 23% (para 1,3 toneladas) comparativamente às projecções para 2022.
Ao nível das areias pesadas, importantes para novas aplicações industriais e aparelhos electrónicos, vão arrancar novas concessões, entre as quais a maior do país, devido ao aumento de procura mundial por pigmento de ilmenite.
No que respeita à grafite, com grandes reservas em Cabo Delgado a serem exportadas para baterias dos novos carros eléctricos, as projecções apontam para um crescimento na produção na ordem de 48% para 270 mil toneladas. Já para os rubis, estima-se que a produção aumente em 186%, representando 12,6 milhões de quilates. A previsão é que o carvão continuará igualmente em alta, devido à crise energética mundial, com o aumento de produção a chegar a 28%.
Dos três projetos de gás natural liquefeito aprovados para a região Norte de Moçambique, caberá à plataforma Coral Sul, em mar alto, afastada da violência armada em Cabo Delgado, estrear a exportação das reservas que se encontram catalogadas entre as maiores do mundo. A plataforma liderada pela petrolífera italiana Eni vai produzir 3,4 milhões de toneladas por ano.
O gás já começou a ser processado na plataforma, aguardando-se o enchimento do primeiro navio cargueiro da BP, que comprou a produção por 20 anos.
O plano e OE para 2023 deverão ser discutidos pelo parlamento moçambicano antes do final da actual sessão, em meados de Dezembro.