A operar em Angola desde 2019, a Edvidro – Empresa Industrial e Distribuidora de Vidros de Angola –, fundada em 2012 com um investimento inicial de 10 milhões de dólares, pretende este ano reforçar a sua posição no mercado nacional, depois de ter sido ser fortemente afectada pela pandemia da covid-19.
Ainda em fase de recuperação, a empresa especializada em serviços de transformação e comercialização de chapa de vidro, concretamente produção de vidros duplos, vidros temperados e laminados, fachadas de vidros, divisórias, portas e janelas, “tem sido fundamental neste segmento no país”, com a venda de vidros transformados de diversas tipologias e espessuras.
Em entrevista à FORBES ÁFRICA LUSÓFONA, Edison Fernandes, administrador da empresa, conta que a Edvidro tem conseguido ultrapassar os desafios do mercado, sendo por isso possível conquistar a confiança dos clientes distribuídos em todo país.
“A Edvidro iniciou a sua actividade em Janeiro de 2019, de uma forma ainda muito tímida, pois ainda estávamos a formar a equipa e a perceber o mercado. Não foram tempos fáceis pois ninguém nos conhecia e os receios eram imensos por parte de vários clientes e de pessoas que viram o projecto nascer”, refere.
Questionamentos como “será que vão conseguir cumprir com os níveis de qualidade?”, “qual a origem do vidro?”, “será que vão cumprir os prazos de entrega?”, eram os mais frequentes vindo de pessoas cépticas, numa altura em que a empresa lutava também com aquilo que considera ser o seu maior concorrente, a importação.
Com o passar do tempo, explicou, a empresa foi conquistando a confiança dos clientes e superando as dificuldades, tendo terminado 2019 a operar relativamente bem.
“Apesar da crise económica que o país atravessava, tínhamos boas perspectivas para o ano seguinte, até que a ‘bomba’ arrebentou: foi decretado uma pandemia e o mundo parou. Fomos obrigados a parar durante um período para percebermos qual o caminho a seguir e, rapidamente, chegamos à conclusão que tínhamos que arregaçar as mangas, tomar as devidas precauções e com o esforço, sacrifício e empenho de todos continuamos a trabalhar”, disse.

Edison Fernandes destacou o papel que diz ter sido “fundamental” dos accionistas, “pois a economia, e o sector da construção em particular, estavam parados e tínhamos que continuar a pagar salários e apoiar os nossos colaboradores, pois sem eles seria impossível operar”.
Com cerca de 40 colaboradores angolanos, a Edvidro tem ao longo desses anos produzido vidros para grandes projectos em Luanda e nas restantes províncias do país, segundo garante o gestor. Apesar de só atender por enquanto o mercado angolano, a Edvidro tem já em carteira um plano para a sua internacionalização, prevendo entrar em mercados como o das vizinhas Repúblicas da Namíbia e do Congo Democrático.
“Entrar nestes mercados faz parte do nosso plano de expansão. São países vizinhos e com mercados com capacidade para absorver os nossos serviços e produtos. Acreditamos que temos todo potencial para chegarmos nestes países, com mais investimento no negócio e aumento da nossa capacidade de produção”, sublinhou.
Adaptação ao cenário de crise
Na entrevista concedida à FORBES, o administrador referiu que as restrições impostas pela pandemia foram também um ponto de partida para maior investimento nos colaboradores nacionais, que hoje constituem 100% da força de trabalho da empresa.
“Devido à pandemia e as restrições das viagens, deixamos de ter o apoio técnico das marcas que se deslocavam a Luanda sempre que tínhamos uma avaria nas máquinas. Por estes constrangimentos apostamos na formação de jovens angolanos, que hoje conseguem responder positiva os desafios e continuamos a produzir”, afirmou.
A aposta no mercado angolano tem sido um desafio constante, que segundo Edison Fernandes, é para ser vencido com trabalho, cooperação, dedicação, confiança e qualidade no produto final. O administrador conta ainda que a aposta no mercado angolano foi feita pelo facto de se ter detectado uma lacuna na oferta de soluções de vidros.
“Detectamos uma lacuna no mercado nacional, no que tem que ver com a oferta de soluções de vidro. O mercado da construção importava cerca de 85% de vidro já transformado. Queria isto dizer que não havia investimento no mercado nacional neste sector que, por sua vez, não registava transferência de Know-how, nem criação de postos de trabalho”, justifica. Isto, acrescenta Edison, motivou-lhes a criar uma alternativa para fornecimento de vidro transformado no mercado angolano, com a vertente de formação de quadros nesta indústria.
O responsável revelou que a criação da empresa teve como objectivo dar resposta imediata aos mais variados clientes, “com a oferta de vidros da mais alta qualidade”.