A mulher do ex-presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, uma irmã e um alto quadro do protocolo da Presidência foram constituídos arguidos, em Portugal, por suspeitas de contrabando e branqueamento de capitais, num processo que envolve a apreensão de cerca de cinco milhões de euros em numerário.
De acordo com a imprensa portuguesa, o caso teve origem na detenção, no passado Domingo, de um homem considerado próximo de Sissoco Embaló, pela Polícia Judiciária, no Aeroporto Militar de Figo Maduro, em Lisboa. O suspeito transportava na bagagem uma elevada quantia em dinheiro vivo, levantando indícios de crimes financeiros transnacionais.
No mesmo processo surge igualmente envolvido Tito Gomes Fernandes, descrito como um dos homens mais próximos do ex-chefe de Estado guineense. Embora tenha sido inicialmente detido, encontra-se actualmente em liberdade, sujeito à medida de coacção de termo de identidade e residência.
Idêntica medida foi aplicada às duas familiares de Sissoco Embaló, agora formalmente arguidas. Na prática, todos os visados ficam obrigados a comunicar às autoridades judiciais a sua residência e a informar o tribunal sempre que se ausentem por um período superior a cinco dias.
Este desenvolvimento judicial ocorre num contexto de acentuada instabilidade política na Guiné-Bissau, na sequência do golpe de Estado de 26 de Novembro, que levou à destituição de Umaro Sissoco Embaló. Desde então, a oposição interna e diversos parceiros internacionais têm exigido a libertação de presos políticos, com destaque para o líder do PAIGC, Domingos Simões Pereira.
Após ter sido afastado do poder, Sissoco Embaló deixou Bissau no dia 28 de Novembro com destino a Dacar, no Senegal, tendo posteriormente seguido para Brazzaville, no Congo.
O envolvimento de familiares directos e figuras próximas em investigações judiciais fora do país acrescenta uma nova dimensão às incertezas políticas e institucionais que marcam o actual momento da Guiné-Bissau.





