Moçambique registou, entre 2000 e 2023, mais de 75 eventos climáticos extremos, que provocaram perdas económicas superiores a 3,8 mil milhões de euros. A vulnerabilidade crescente coloca o país entre os dez mais expostos do mundo aos riscos climáticos, uma ameaça directa ao crescimento económico, à estabilidade fiscal e ao bem-estar das populações.
O alerta foi lançado esta semana, em Maputo, pelo ministro da Planificação e Desenvolvimento, Salim Valá, durante a abertura da Primeira Conferência Nacional de Financiamento Climático.
Segundo o governante, acelerar a mobilização de financiamento climático, tanto a partir de fontes nacionais como internacionais, é essencial para concretizar as metas definidas nas políticas de adaptação e mitigação, bem como na Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) de Moçambique.
“O esforço permitirá não só concretizar as ambições estabelecidas na NDC, como também impulsionar a transição para uma economia de baixo carbono e resiliente”, afirmou o ministro.

Valá reconheceu, contudo, que o país enfrenta desafios significativos no acesso ao financiamento climático, e sublinhou que atingir a resiliência até 2030 exigirá um investimento estimado em 31,9 mil milhões de euros.
“Se não o fizermos, mais de 1,6 milhões de moçambicanos poderão ser empurrados para a pobreza até 2050 devido aos impactos combinados de choques climáticos e degradação ambiental”, advertiu, destacando o impacto social e económico das alterações climáticas.
O governante apelou ainda à comunidade internacional e aos parceiros de desenvolvimento para reforçarem o apoio financeiro, frisando que o financiamento climático deve ser visto não como um custo, mas como um investimento no futuro.
“É um investimento na estabilidade fiscal, na segurança alimentar, na saúde e na educação do povo, na energia limpa e na paz social”, concluiu Valá.
*Com Lusa