As exportações de gás natural de Moçambique atingiram 443 milhões de dólares (408,8 milhões de euros) no primeiro trimestre deste ano, um aumento de quase 30% em relação ao mesmo período de 2023, de acordo com dados do Banco de Moçambique revelados pela Lusa.
Este crescimento acentuado contrasta com os 340,9 milhões de dólares (314,6 milhões de euros) registados no primeiro trimestre do ano passado. O relatório do banco central atribui este aumento ao acréscimo do volume exportado, impulsionado pelo início da exploração e exportação de gás da Área 4 da bacia do Rovuma, apesar da queda de 43,5% no preço médio do gás no mercado internacional.
Moçambique, que possui as terceiras maiores reservas de gás natural em África, estimadas em 180 milhões de pés cúbicos, tem atualmente três projetos de desenvolvimento aprovados para a exploração das reservas de gás natural da bacia do Rovuma, uma das maiores do mundo, ao largo da costa de Cabo Delgado.
Em 2023, as vendas de gás natural por Moçambique totalizaram 1.726 milhões de dólares (1.591 milhões de euros), triplicando o valor de 2022 e aproximando-se das receitas geradas pelo carvão, que ainda lidera entre as exportações moçambicanas. Segundo dados anteriores do Banco de Moçambique, as exportações de gás natural aumentaram 218% em 2023 face ao ano anterior, quando as vendas atingiram 541,6 milhões de dólares (499,2 milhões de euros). Em termos de valor, Moçambique exportou em 2023 uma quantidade de gás natural equivalente à soma dos anos de 2017 a 2022, que totalizou mais de 1.866 milhões de dólares (1.720 milhões de euros).
O aumento nas exportações de gás natural é explicado pelo arranque da operação na Área 4 no final de outubro de 2022, realizada pela Mozambique Rovuma Venture (MRV), uma joint venture que inclui a ExxonMobil, Eni e CNPC (China), detentora de 70% do contrato de concessão. A produção de gás natural nesta área começou em 2022.
A Eni, concessionária da Área 4 do Rovuma, está a desenvolver uma segunda plataforma flutuante, denominada Coral Norte, para aumentar a extração de gás. Este plano envolve a aquisição de uma segunda plataforma FNLG, idêntica à que opera na Coral Sul desde meados de 2022, atualmente em construção na Coreia do Sul.
Fontes da petrolífera italiana informaram à Lusa que o desenvolvimento do Coral Norte está a beneficiar da experiência adquirida com a Coral Sul, incluindo aspetos relacionados com custos e tempo de execução. O projeto, orçado em sete mil milhões de dólares (6,3 mil milhões de euros), aguarda aprovação do Governo moçambicano. Se o cronograma for cumprido, a nova plataforma começará a produzir no segundo semestre de 2027, potencialmente antes dos projetos em terra que enfrentam desafios de segurança devido à insurgência armada em Cabo Delgado.
A Coral Norte ficará estacionada 10 quilómetros a norte da Coral Sul, cuja produção iniciou em novembro do ano passado, tornando-se o primeiro projeto a beneficiar das grandes reservas da bacia do Rovuma.