Fadista Camané destaca amizade que a língua e a música criam entre Portugal e Angola

O fadista Camané, que animou as comemorações do 10 de Junho em Luanda, destaca que a “amizade” e “identificação” que a língua e a música criam entre Portugal e Angola e o poder das canções aproximam os dois países. “Partilhamos a mesma língua e isso é fantástico. A música também é fantástica aqui”, disse Camané…
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Para Camané, esta proximidade musical é o fio invisível que liga as expressões culturais dos países de língua portuguesa.
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O fadista Camané, que animou as comemorações do 10 de Junho em Luanda, destaca que a “amizade” e “identificação” que a língua e a música criam entre Portugal e Angola e o poder das canções aproximam os dois países.

“Partilhamos a mesma língua e isso é fantástico. A música também é fantástica aqui”, disse Camané em Luanda, sublinhando que o espetáculo “traz um alinhamento de repertório que faz sentido”, com temas comuns ao fado e à música popular angolana.

Para Camané, esta proximidade musical é o fio invisível que liga as expressões culturais dos países de língua portuguesa.

“Quando ouvimos música africana, conseguimos identificá-la. Da mesma forma, um angolano vai a Lisboa e ouve o fado e consegue identificar-se”, num diálogo musical “muito importante” porque liga as pessoas intercruzando culturas, disse.

Camané, um dos mais reconhecidos fadistas contemporâneos, iniciou a carreira nos anos 80 e tem vindo a afirmar-se como um dos grandes intérpretes do fado tradicional, com uma discografia premiada e uma carreira que o levou a diversos palcos internacionais.

O espetáculo de hoje serve também para assinalar os 50 anos de independência de Angola e terá “algumas surpresas” que remetem para as memórias de infância do cantor.

“Eu tinha 8 anos na altura da independência e lembro-me de ter imensos amigos de Angola na escola”, contou.

Sobre o fado, Camané considerou que carrega um lado intimista e de poesia que “precisa de ambientes mais pequenos, como o teatro”, mas que contém “uma verdade” que atravessa fronteiras.

“Quanto mais verdadeiro for, mais as pessoas são tocadas”, disse.

O fadista, diz a Lusa, assinalou ainda que a música de Angola “funciona muito pela dança”, mas o fado “não é para dançar, é para se ouvir”.

No entanto, defendeu, esta diferença é precisamente aquilo que aproxima as culturas, pois “quando a música é verdadeira, as pessoas identificam-se, mesmo que seja diferente”.

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