No ano em que o Forbes África Lusófona Annual Summit voltou a colocar o agronegócio no centro do debate económico, uma iniciativa jovem e profundamente educativa ganhou destaque: a Fazenda Escola, criada por Luís Massafe, empreendedor que pretende transformar a forma como Angola prepara as próximas gerações para garantir segurança alimentar e competitividade no sector agrícola.
Inquieto perante os desafios do país, Massafe criou uma resposta estrutural a um problema antigo: a distância entre crianças e o mundo agrícola, numa economia que carece urgentemente de quadros, técnicos, produtores e gestores capazes de modernizar o sector.
“A Fazenda Escola é uma plataforma agroeducacional integrada, criada para aproximar crianças da agricultura desde os primeiros anos de aprendizagem”, explica o fundador. A proposta é simples, mas transformadora: permitir que crianças vivenciem, de forma prática, o ciclo completo da produção agrícola.
Entre as várias experiências educativas, destaca-se o “Agricultor por um Dia”, em que os alunos passam um dia inteiro na fazenda, percorrendo cada etapa da produção, plantando, colhendo e observando a evolução das culturas, aprendendo sobre a cadeia de valor e assumindo a responsabilidade de produzir alimentos.
Outro pilar da iniciativa é a implementação de hortas escolares, em escolas públicas e privadas. Nas instituições públicas, a produção integra a merenda escolar, reforçando a nutrição dos alunos, enquanto nas escolas privadas serve como laboratório pedagógico para aulas de ciências, nutrição e sustentabilidade, aproximando o currículo académico da realidade agrícola.

Mini Agro: um ecossistema económico em miniatura
A inovação da Fazenda Escola vai além da produção agrícola. Com a Feira Mini Agro, Massafe cria um microcosmo económico infantil, onde crianças a partir dos três anos experimentam diferentes profissões ligadas ao agronegócio: pequenos “bancários” que financiam produtores, fornecedores de insumos, transportadores, comerciantes e até seguradoras, reproduzindo, à escala infantil, a complexidade do sector.
A experiência estimula literacia financeira, responsabilidade, negociação e visão empreendedora, transformando a agricultura de conceito abstracto em experiência concreta de produção, circulação e criação de valor. “Precisamos preparar as próximas gerações para aquilo que é mais importante: segurança alimentar e autossuficiência”, sublinha Massafe.
Num contexto em que Angola procura tornar o agronegócio um dos motores do crescimento económico, a Fazenda Escola posiciona-se como uma resposta educativa de longo prazo, capaz de criar competências rurais, despertar vocações em agronomia, engenharia, gestão e logística, reforçar a literacia financeira e apoiar programas sociais e nutricionais.
O Forbes África Lusófona Annual Summit deste ano incluiu um painel dedicado ao agronegócio, abordando financiamento, tecnologia, especialização e sustentabilidade. Para Massafe, participar no evento reforçou a interseção entre educação, agricultura e economia. “Aprendemos mais sobre o sector económico e financeiro, e sobre como a agricultura faz parte dele. Precisamos dessas plataformas para melhorar os nossos projectos e comunicar aos parceiros o impacto da agricultura”, considerou.
Ao destacar a inclusão financeira como mensagem central, Luís Massafe salienta a importância de integrar as populações rurais no sistema financeiro formal, condição essencial para aumentar produtividade, acesso a crédito e modernização do sector.
A Fazenda Escola cresce num momento em que Angola procura diversificar a economia e consolidar o agronegócio como pilar do desenvolvimento. A iniciativa de Luís Massafe mostra que o futuro começa no presente, e que investir na educação agrícola das crianças é uma decisão estratégica para garantir segurança alimentar, inovação e sustentabilidade.
O país prepara-se para transformar o campo, e muitos dos seus futuros protagonistas estão agora a plantar a primeira semente.
*Com Rossada Dias



