Fitch não antecipa melhorias nos ratings soberanos africanos em 2026 após revisões em alta em 2025

A agência de notação financeira Fitch Ratings não antecipa melhorias nos ratings soberanos dos países africanos em 2026, depois de ter procedido à revisão em alta da avaliação de quatro economias da África subsaariana ao longo de 2025, num contexto marcado por crescimento estável, inflação moderada e persistentes constrangimentos fiscais e políticos. “No momento, não…
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Depois de quatro revisões em alta em 2025, a Fitch adopta uma perspectiva neutra para África, apontando constrangimentos fiscais, riscos políticos e níveis elevados de dívida como travões à subida dos ratings.
Economia

A agência de notação financeira Fitch Ratings não antecipa melhorias nos ratings soberanos dos países africanos em 2026, depois de ter procedido à revisão em alta da avaliação de quatro economias da África subsaariana ao longo de 2025, num contexto marcado por crescimento estável, inflação moderada e persistentes constrangimentos fiscais e políticos.

“No momento, não há qualquer país com perspectiva positiva na região, algo que acontece pela primeira vez desde Março de 2022, após as quatro melhorias registadas este ano”, refere a Fitch num relatório dedicado às economias da África subsaariana e às perspectivas para 2026, distribuído aos seus clientes.

Segundo os analistas da agência, a perspectiva global para a região é neutra, reflectindo um equilíbrio delicado entre factores favoráveis — como a resiliência do crescimento económico e a desaceleração da inflação — e fragilidades estruturais que continuam a limitar a melhoria da credibilidade do crédito soberano.

“O impulso das reformas e a melhoria do ambiente de negócios estão, em parte, a compensar o impacto de um contexto externo volátil e da redução da ajuda internacional”, assinala a Fitch. Ainda assim, sublinha que pressões políticas e sociais crescentes, incluindo o activismo político entre os jovens e a realização de eleições em economias soberanas relevantes, continuam a dificultar os processos de consolidação orçamental.

Angola, África do Sul e Costa do Marfim figuram entre os países que regressaram aos mercados internacionais este ano, após vários anos de ausência.

Do ponto de vista do financiamento, a Fitch considera que as condições permanecem relativamente favoráveis, beneficiando da descida das taxas de juro globais e do alívio dos custos de financiamento para emissores africanos. Os mercados internacionais de dívida reabriram-se, no segundo semestre de 2025, inclusive para países com ratings mais baixos, permitindo o refinanciamento de obrigações significativas com vencimento em 2026.

Nesse contexto, Angola, África do Sul e Costa do Marfim figuram entre os países que regressaram aos mercados internacionais este ano, após vários anos de ausência. No caso angolano, a taxa de juro exigida pelos investidores situou-se em torno dos 10%, reflectindo uma percepção de risco ainda elevada, mas compatível com o actual ambiente financeiro internacional.

Segundo a Lusa, a agência destaca igualmente que a trajectória descendente da inflação deverá permitir aos bancos centrais africanos prosseguir com cortes graduais nas taxas de juro directoras, reduzindo a pressão sobre o financiamento doméstico para empresas e famílias. Contudo, a Fitch alerta para uma vulnerabilidade estrutural persistente: “o elevado e crescente volume de dívida pública detido pelos bancos locais constitui um risco relevante para algumas economias da região”.

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