A economia angolana já não vai crescer este ano 0,4% como inicialmente previsto, pelo que deve fechar o ano a registar uma taxa de crescimento de apenas 0,1%, de acordo com previsões económicas mundiais do Fundo Monetário Internacional (FMI), divulgadas esta Terça-feira, 12, em Washington.
Com o FMI a piorar as previsões de crescimento da economia angolana, ganha forma a consolidação da sexta recessão consecutiva de um país cujas estimativas oficiais do Governo apontavam para uma ligeira subida de 0,0%.
Às previsões de baixa do Produto Interno Bruto (PIB) do país já indicadas por dois organismos de peso mundial e um Centro de Estudos, nomeadamente o Banco Mundial, a Economist Intelligence Unit e o Centro de Estudo e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola (CEIC), surge agora o FMI a confirmar tais projecções da evolução negativa da riqueza bruta do país, com algum agravamento.
No relatório, o FMI não explica as razões de ter revisto em baixa a previsão de crescimento para este ano, pelo que escreve apenas, nos quadros com as previsões, que a inflação em Angola vai crescer de 22,3% em 2020 para 24,4% este ano, antes de abrandar para 14,9% em 2022.
A riqueza angolana não pára de cair desde 2016, devido à forte queda que se assistiu, no período, nos preços do principal produto de exportação do país, o crude, para níveis muito abaixo dos 50 dólares. De lá para cá, foi sempre a cair, e neste ano as perspectivas não são igualmente animadoras, conforme projectam todos organismos de projecção económica e de medição da riqueza anual.
Todas as previsões, incluindo a do CEIC, contrariam o entusiasmo oficial do Governo, que apontava para uma recuperação marginal da riqueza nacional, em 2021, na ordem dos 0,01%.
As novas previsões do FMI surgem poucos dias depois de Luanda ter actualizado o cenário macroeconómico, no qual estimavam uma estagnação (crescimento zero) este ano e dois meses depois de o Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola ter igualmente deixado cair o PIB.
O ministro de Estado para a Coordenação Económica de Angola, Manuel Nunes Júnior, indicou, há uma semana, que a redução da actividade petrolífera, a par dos efeitos da pandemia, foram dos principais motivos dos crescimentos negativos dos últimos anos.
“Devido ao grande peso que o sector ainda tem na nossa economia, o crescimento negativo deste sector tem afetado negativamente o crescimento global do país”, disse o responsável, que lembrou ainda que a estimativa do Governo aponta para um crescimento nulo este ano, depois de cinco anos de recessão, mas já com a economia não petrolífera a crescer significativamente.
Citado pela Lusa, Nunes Júnior antevê também que, para o próximo ano, o Governo prevê uma expansão económica de 2,4%, sustentada num crescimento do sector não-petrolífero de 3,1%, o que é, na visão do também economista, “de grande importância porque este é o sector que cria mais postos de trabalho e está em melhores condições de contribuir para o bem-estar dos angolanos”.