FMI pressiona Angola a retirar subsídios aos combustíveis e reforçar apoio aos mais pobres

A directora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, defendeu que os subsídios aos combustíveis em Angola “beneficiam as pessoas mais ricas” e devem ser eliminados de forma gradual, garantindo que a poupança resultante seja canalizada para as famílias mais pobres e vulneráveis. A responsável, que chegou ao país na Quarta-feira, 19, fez estas declarações…
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Directora da instituição, Kristalina Georgieva, afirmou em Luanda que os subsídios actuais favorecem os mais ricos e representam 2,5% do PIB, um peso que poderia financiar programas de impacto directo na população vulnerável.
Economia

A directora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, defendeu que os subsídios aos combustíveis em Angola “beneficiam as pessoas mais ricas” e devem ser eliminados de forma gradual, garantindo que a poupança resultante seja canalizada para as famílias mais pobres e vulneráveis.

A responsável, que chegou ao país na Quarta-feira, 19, fez estas declarações nesta Quinta-feira, após uma audiência com o Presidente da República, João Lourenço, no Palácio Presidencial, em Luanda.

Georgieva congratulou-se com o conjunto de reformas económicas iniciadas em 2017, sublinhando que o FMI está “muito feliz” por ter podido apoiar Angola num processo que qualificou de exigente, mas essencial para a estabilização macroeconómica e para a retoma do crescimento.

A directora-geral destacou que o Governo reconhece a necessidade de reorientar a despesa pública para áreas que “realmente façam a diferença na vida dos angolanos”. É neste enquadramento que o FMI recomenda a remoção gradual dos subsídios aos combustíveis, considerados regressivos por beneficiarem de forma desproporcionada a camada mais abastada da população. A poupança gerada, argumentou, deve ser redireccionada para políticas sociais dirigidas às famílias que mais precisam.

Segundo Georgieva, o Executivo angolano está comprometido em avançar “de forma gradual e cuidadosa”, começando por proteger os grupos que seriam mais afectados pela redução dos subsídios, antes de implementar a sua eliminação definitiva.

A responsável recordou que os subsídios aos combustíveis representam actualmente 2,5% do PIB de Angola, um peso significativo no orçamento nacional. “Pensem no que poderia ser feito com esses recursos: criar empregos para os jovens, estimular pequenos negócios, melhorar a educação. Por que razão as pessoas mais ricas deveriam beneficiar de combustível barato?”, questionou, advogando que “este deveria ser um apoio orientado às pessoas mais pobres”.

Georgieva assinalou ainda que o Governo pretende avaliar a eficácia dos programas sociais existentes, destacando que o Kwenda – programa de transferências monetárias – “já apoia 1,7 milhões de pessoas”. Contudo, reconheceu que “expandir o apoio e torná-lo verdadeiramente efectivo continua a ser um grande desafio”.

“Queremos que as pessoas confiem que os mais vulneráveis não vão sofrer desnecessariamente”, concluiu.

 

*Com Lusa

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