Moderado por Olga Sabalo, administradora da Sonangol, o painel “O poder de inspirar” começou com uma questão levantada ainda por muitos: Há trabalhos que as mulheres não conseguem desempenhar? A resposta, ainda que óbvia, ficou clara entre as três convidadas. “Não existe nada que as mulheres não possam fazer”, afirmou Natacha Massano, fundadora da Muhatu Energy Angola. “Mostrem-me o trabalho e eu mostro-vos que consigo fazer”, acrescentou Katrina Fisher, diretora geral da ExxonMobil Angola. “As mulheres conseguem fazer o mesmo trabalho [que os homens]”, conclui Nina Koch, vice-Presidente da África Equinor.
A rede Muhatu dedica-se à promoção de oportunidades de carreira e ao desenvolvimento de uma liderança inclusiva. Trata-se de uma rede de e para mulheres focada no setor petrolífero em Angola. “Nasce da necessidade de alargarmos a rede para todas as mulheres. A indústria petrolífera é bastante desafiante e se nós quisermos um futuro com maior inclusão temos a necessidade de fazer parte do processo de decisão. A Muhatu não é uma rede de mulheres contra homens, é uma rede de mulheres para suportar outras mulheres. Enquanto líderes e mulheres, quando olhamos para estatísticas não podemos ficar indiferentes às diferenças que existem. A equidade vai desaparecendo quando chegamos aos órgãos de gestão, daí a ideia de criarmos uma rede de apoio de mulheres”, disse Natacha Massano.
Para que tudo isto seja possível, a fundadora desta rede deixou logo um apelo a todos, realçando “a importância e a necessidade de [as mulheres] puxarem outras mulheres, porque só assim vamos conseguir diminuir essa diferença”. “Aos homens, um apelo para de facto nos unirmos, criarmos uma rede de apoio. Não é um confronto a vocês, nós gostaríamos de continuar a trabalhar em conjunto. Um país faz-se das suas pessoas, e as suas pessoas são homens e mulheres”, acrescentou.

As três oradoras contribuíram com algumas sugestões de estratégias para que a inclusão seja uma realidade em todas as empresas, independentemente do setor. Desde a criação das mesmas oportunidades para ambos os géneros, a mudança de mentalidade, a coragem para seguir as vagas que se pretende, a medição real do progresso feito dentro de cada empresa, ter uma rede de suporte ou trabalhar com um grupo desafiador.
Quando se tem em conta o setor, e falando particularmente do setor da energia, tentou-se perceber de que forma as mulheres conseguirão fazer a diferença. “O caminho só se faz caminhando, precisamos de continuar a capacitar-nos, a formarmo-nos, criar as condições para podermos estar na linha da frente quando podermos participar nos processos de seleção. Na hora de escolher, temos de estar lá e termos as competências para podermos ser opção”, defendeu Natacha Massano.
Ganhar destaque passa também por encontrar formas de marcar pela diferença. “A mulher deve ocupar o espaço, ser corajosa, levantar a sua mão. Dizer que sim quando as oportunidades chegam. Não é sempre confortável, é necessário ir para um espaço que não é confortável, correr riscos”, afirmou Nina Koch.
Ao mesmo tempo, é importante que umas mulheres incentivem as outras. “Trata-se de encorajar as mulheres a serem corajosas. Temos de abraçar o poder da diversidade. Todas as mulheres são modelos a seguir, é continuar a procurar oportunidades, na vossa empresa e em outros lugares, e continuar a procurar as soluções que precisamos para o país e para o planeta”, disse Katrina Fisher, realçando ainda a importância do apoio às mulheres em todos os pontos da vida, fazendo com que estas consigam equilibrar família e carreira.