O Governo angolano captou um total de 93,61 mil milhões kwanzas em Dezembro de 2024, por via das vendas de acções através da Bolsa de Valores, ao passo que por via das emissões de obrigações corporativas que ocorreram na Bolsa de Dívida e Valores de Angola (BODIVA) as empresas emitentes obtiveram 90,7 mil milhões kwanzas.
Os dados foram avançados recentemente pelo presidente do conselho de administração da Comissão do Mercado de Capitais (CMC), Elmer Serrão, durante uma conferência que assinalou os 20 anos de existência da instituição.
“A longo dos vinte anos de CMC, essa Instituição, que se quer forte e grandiosa, registou marcos significativos, que são o corolário do empenho e dedicação dos seus colaboradores, que, não olhando a meios, sempre responderam com galhardia aos desafios impostos pelo desafiante, relativamente novo, exigente e complexo mercado de capitais”, disse.
O PCA garantiu que a CMC vai continuar a investir na educação financeira e na indispensável protecção dos investidores do mercado, principalmente os investidores não institucionais, portanto, aqueles que são mais prejudicados com a quase sempre presente assimetria de informação e que, por conseguinte, devem merecer maior cobertura protectora da CMC.
“Vamos primar por uma regulação que possa entregar certeza e segurança jurídica ao mercado, não perdendo nunca de vista a necessidade de garantir que o resultado desta mesma regulação não venha a resvalar para uma intervenção excessiva e para uma regulação complexa, sem que seja suficientemente calibrada a sua eficácia nem ponderados os seus efeitos indesejados”, referiu.
Elmer Serrão afirmou que o mercado de capitais oferece uma ampla gama de oportunidades de investimento, desde acções e fundos de investimento à títulos de renda fixa, permitindo, por conseguinte, maior diversificação e potencial de retorno, bem como um forte incentivo à poupança e ao investimento produtivo de longo prazo.
“Consequentemente, o mercado de capitais fortalece o sistema financeiro, na medida em que reduz a dependência das empresas em relação ao crédito bancário, tornando o sistema financeiro mais equilibrado e diversificado. Isso melhora a liquidez e a estabilidade do sector económico”, assegurou.
Por sua vez, o secretário de Estado para as Finanças e Tesouro, Ottoniel dos Santos, sublinhou que num país onde o Estado reconhece que já não pode ser o único motor da economia, é fundamental que os mecanismos de mercado funcionem com profundidade, previsibilidade e credibilidade.
Ressaltou ainda que o mercado de capitais não é um luxo institucional, mas um instrumento estratégico para sustentar o crescimento económico, criar empregos qualificados e garantir que o capital disponível, quer nacional como internacional, encontre oportunidades reais em sectores produtivos.
“A estabilidade macroeconómica que está a ser conquistada com tanto esforço, prosseguiu o responsável, deve agora ser canalizada para o aprofundamento financeiro. E a CMC tem, nesse contexto, um papel essencial: não apenas como regulador do que existe, mas como catalisador do que ainda pode ser criado”, realçou.
Ottoniel dos Santos disse, igualmente, que celebrar os 20 anos da Comissão do Mercado de Capitais, num contexto em que Angola celebra também os seus 50 anos de Independência, é, sobretudo, uma oportunidade para revisitar o passado, interpretar o presente e lançar com audácia o olhar para o futuro.
“Vinte anos representam uma geração. E, no caso da CMC, representam também uma sucessão de transformações, avanços e aprendizagens, num período em que o mundo e o continente africano conheceram uma profunda aceleração histórica da crise financeira global de 2008 à explosão digital, da integração regional à emergência das finanças sustentáveis”, concluiu.