Hélder Caculo lança “Um Amanhã Sem Laranjas” e celebra 50 anos de independência com contos sobre a Angola profunda

A obra literária “Um Amanhã Sem Laranjas – Contos de Angola”, do jornalista e escritor angolano Hélder Caculo, foi apresentada nesta Segunda-feira, 24, na União dos Escritores Angolanos, em Luanda, num evento que celebrou tanto a literatura como a memória colectiva do país. Prefaciado pelo ícone da música angolana Bonga, o livro reúne um conjunto…
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Com prefácio de Bonga e 20 contos carregados de simbolismo, Hélder Caculo apresenta um tributo literário aos 50 anos de independência de Angola. A União dos Escritores Angolanos acolheu o lançamento da nova obra do jovem escritor.
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A obra literária “Um Amanhã Sem Laranjas – Contos de Angola”, do jornalista e escritor angolano Hélder Caculo, foi apresentada nesta Segunda-feira, 24, na União dos Escritores Angolanos, em Luanda, num evento que celebrou tanto a literatura como a memória colectiva do país.

Prefaciado pelo ícone da música angolana Bonga, o livro reúne um conjunto de contos que convocam uma reflexão profunda sobre o futuro de Angola, recorrendo a uma escrita simbólica, imagética e profundamente enraizada na angolanidade.

A sessão de apresentação esteve a cargo do historiador Filipe Vidal e integrou um programa cultural diversificado, com declamações de poesia, encenação teatral e sessões de autógrafos.

Inserido nas comemorações dos 50 anos da Independência Nacional, o acto atraiu representantes governamentais, artistas, estudantes e leitores, reforçando o lugar da literatura como espaço de reflexão sobre a identidade e o percurso do país.

Em declarações à FORBES ÁFRICA LUSÓFONA, Hélder Caculo referiu que a obra nasce como “um livro sobre nós, sobre a nossa história e sobre as nossas memórias”, uma colectânea de contos que convida o leitor a reflectir sobre “o nosso amanhã comum” e que se assume, simultaneamente, como uma homenagem aos 50 anos da Independência.

Mas o escritor vai além da celebração simbólica. Reivindica uma viragem estrutural no apoio à criação literária nacional. “A literatura nacional precisa ser prioridade para o Governo”, afirma, alertando para a “inércia” que condiciona o sector e para o facto de “o país estar a falhar com a promoção do livro, com o incentivo à leitura e com os escritores”. Para inverter este cenário, defende ser “necessário ressuscitar a lei do mecenato”, instrumento que considera vital para revitalizar o ecossistema cultural e permitir que novos autores encontrem espaço, estímulo e dignidade no acto de criar.

Com 20 contos reunidos em pouco mais de 90 páginas, a obra propõe um mergulho nas memórias, lutas e esperanças do povo angolano. Hélder Caculo celebra os feitos dos antigos combatentes e veteranos da pátria, mas também o mosaico cultural que define Angola, os seus povos, tradições, rios, riquezas e a vastidão simbólica da memória colectiva. “Um Amanhã Sem Laranjas” surge, assim, como um tributo literário a meio século de independência, ao mesmo tempo que projecta questionamentos sobre o país que Angola pode — ou deve — vir a construir.

Nascido em Luanda a 11 de Setembro de 1990, Hélder Caculo revelou cedo inclinação para a leitura e para a escrita. Em 2016 estreou-se no mercado editorial com o poemário “O Sorriso da Dor”, seguindo-se, em 2020, o romance “Dezamores de Luanda” — uma narrativa que atravessa as contradições e desencantos da capital. Em 2021 integrou a antologia “Geração Poema”, da Fundação Arte e Cultura.

Além da escrita literária, Caculo construiu uma carreira no jornalismo, com passagens por diversos órgãos da imprensa angolana, e dedica-se também ao ensino, como professor de cinema no CEARTE e docente universitário. Formado em Jornalismo, possui igualmente uma licenciatura em Cinema e Televisão e uma pós-graduação pelo Instituto Metropolitano (IMETRO) de Angola.

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