As novas dinâmicas de investimento e financiamento da economia angolana estão profundamente influenciadas pela transformação digital global, disse nesta Terça-feira, 19, à FORBES ÁFRICA LUSÓFONA, à margem da 2.ª edição do Annual Summit, a empresária Norberta Garcia.
“Hoje, a modernização dos modelos de investimento está directamente ligada à incorporação da Inteligência Artificial (IA) e às tecnologias de informação em sectores estratégicos, económicos, sociais, infra-estruturais e administrativos”, afirmou a jovem empresária.
De acordo com Norberta Garcia, a nível mundial, a IA tornou-se um instrumento central para sofisticar métodos de gestão, análise de risco, financiamento, produção e decisão económica.
Norberta realçou que as economias que a integram de forma estratégica conseguem resultados mais eficientes, processos mais baratos, operações mais rápidas e maior capacidade de inovação tecnológica.
“À medida que a IA reduz custos operacionais e automatiza tarefas antes executadas por pessoas, surge o risco de substituição da mão de obra tradicional, aumentando a pressão sobre o emprego. Esse fenómeno exige que o Governo angolano adopte políticas inteligentes e antecipatórias para evitar que parte significativa da população fique fora da actividade produtiva”, indicou a empreendedora.
No entanto, frisou que o momento actual exige que o país reinvente os seus modelos económicos, criando alternativas para enquadrar trabalhadores nos sectores emergentes, mas acredita que as novas formas de investimento não podem ignorar o valor do capital humano, não apenas por ser o criador e operador da IA, mas porque é responsável por garantir que o avanço tecnológico não resulte em exclusão social.
Assim, acrescentou a empresária, Angola deve orientar-se para políticas que promovam a requalificação e reconversão profissional, preparando trabalhadores para sectores onde a IA não substitui, mas complementa o ser humano e estimulem o empreendedorismo tecnológico, criando condições para que as start-ups e empresas inovadoras desenvolvam soluções digitais locais.
Acrescentou ainda que canalizem investimento para infraestruturas digitais, incluindo conectividade, centros de dados e plataformas de interoperabilidade.
“Criem incentivos fiscais e financeiros para empresas que invistam em tecnologias emergentes e formação de quadros e fortaleçam parcerias internacionais, sobretudo com países asiáticos, que servem como referência pela forma eficaz como integraram IA, automação e educação tecnológica”, disse.
Norberta exemplificou que muitos países do Oriente demonstram que é possível alcançar crescimento económico acelerado através da tecnologia, sem negligenciar a inclusão produtiva do cidadão. “A chave está no equilíbrio entre inovação, investimento e políticas públicas orientadas para o futuro”, sublinhou.
Em Angola, segundo disse, esse é o grande desafio integrar a Inteligência Artificial de forma estratégica, garantir que a modernização económica seja acompanhada por capacitação humana e assegurar que o desenvolvimento tecnológico beneficie a sociedade como um todo.
