No congresso Forbes África Lusófona Annual Summit 2025, Roland Yameogo, Country Manager da International Finance Corporation (IFC) para Angola, Botswana, Lesoto e Zimbabué, apresentou as linhas centrais do plano de atuação do Grupo Banco Mundial no país para a próxima década. O responsável explicou que o grupo – que integra a IFC, o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento e a agência de garantias MIGA – está a finalizar o Country Partnership Framework para Angola, um plano estratégico alinhado com o Programa Nacional de Desenvolvimento. O objetivo é orientar as intervenções do grupo no país ao longo dos próximos oito a dez anos.
No centro desta estratégia surgem quatro prioridades que, segundo Yameogo, são críticas para o crescimento económico e, sobretudo, para a criação de emprego num contexto em que o país vê entrar cerca de 600 mil jovens por ano no mercado laboral, enquanto a economia absorve apenas metade.
A primeira prioridade é a agricultura. Roland Yameogo destacou que Angola reúne todos os fatores para ser uma potência agrícola – água, terra arável e clima favorável –, mas continua a depender de importações. Um dos principais bloqueios, afirmou, é o acesso limitado a financiamento, com apenas um em cada cinco agricultores a conseguir crédito e apenas 5% do crédito bancário nacional a dirigir-se ao setor. A IFC tem trabalhado com empresas como a Refriango, Carrinho, Naval e Mafcom, procurando apoiar tanto grandes empresas como PME, combinando financiamento e assistência técnica.
O responsável falou ainda do programa AgriConnect, lançado pelo Grupo Banco Mundial nas reuniões anuais de outubro em Washington. O objetivo é duplicar até 2030 o compromisso anual para o setor agrícola, atingindo 9 mil milhões de dólares por ano. A iniciativa inclui ferramentas tecnológicas para recolha de dados junto de pequenos produtores, permitindo às instituições financeiras avaliar risco e criar novas linhas de crédito.

A segunda prioridade destacada por este responsável é a indústria transformadora, especialmente a produção de valor acrescentado. Aproveitando o gás disponível, Roland Yameogo explicou que Angola tem potencial para desenvolver projetos de produção de amónia, ureia e fertilizantes. Segundo deu conta, a IFC já está a trabalhar com várias empresas interessadas em investimentos deste tipo em Soyo e Cabinda.
A terceira área-chave elencada por Yameogo é o Corredor do Lobito. Para o IFC, o corredor deve ser mais do que infraestruturas ferroviárias e portuárias: deve servir como plataforma económica para desenvolver agricultura, indústria e habitação ao longo do seu percurso. A instituição já tem uma carteira de projetos em análise, em diferentes estágios de maturidade, relacionados com o corredor. Paralelamente, está a realizar um mapeamento de oportunidades de investimento escaláveis em setores como agronegócio, indústria e urbanização. O Banco Mundial, disse ainda, complementa esta visão com programas de diversificação económica (300 milhões de dólares) e de desenvolvimento urbano nas cidades secundárias (outros 300 milhões de dólares), destinados a criar condições para a presença sustentada do setor privado. Yameogo mencionou ainda a discussão em curso da Lobito Corridor Academy, uma iniciativa focada em capacitação profissional para apoiar a futura procura laboral.
O último pilar mencionado pelo Country Manager da IFC para Angola, Botswana, Lesoto e Zimbabué é o da energia, com foco específico na transmissão. Yameogo frisou que Angola possui excedente de eletricidade, estimado em cerca de 4 GW, e apontou as iniciativas em curso para desenvolver novas linhas de transporte que permitam exportar energia para a Namíbia, para o “Copperbelt” (cinturão de cobre) da RDC e, potencialmente, para a Zâmbia. Segundo o Yameogo, o IFC e o Banco Mundial estão envolvidos na preparação destes projetos, incluindo estudos de viabilidade e avaliações ambientais e sociais, para assegurar condições que atraiam investidores privados.
No final da intervenção, Roland Yameogo reafirmou a disponibilidade da IFC para dialogar com empresas e entidades angolanas interessadas em projetos nos quatro eixos estratégicos, sublinhando que a criação de emprego e a diversificação económica serão os motores da ação do Grupo Banco Mundial no país nos próximos anos.





