A inflação em Angola posicionou-se nos 28,20% em Abril do ano em curso, tendo registado crescimento pelo 12.º mês consecutivo, como mostram os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).
Os números da inflação são de tal foram expressivos que fica apenas 2,31 pontos percentuais que os números de Junho de 2017, altura em que a inflação se situou em 30,51% para encontrar um valor mais elevado.
Chamado a falar sobre o assunto pela FORBES, o economista Wilson Chimoco apontou para “reintroduzir a âncora cambial à moeda chinesa, revitalizar a reserva estratégica Alimentar e reduzir os desperdícios orçamentais em sede das despesas públicas”.
Sobre a primeira recomendação, o economista explicou que a China tem vindo a apresentar deflação nos últimos meses, e temos a vantagem de ser “o principal parceiro comercial e melhor, tem taxas de câmbio fixas”, disse, tendo acrescentado que “basta que ancoremos a taxas de câmbios bilateral que vamos trazer bens de consumo final, intermediário e capital cada vez mais baratos e introduzi-los na mesa e no processo produtivo local que, ao seu tempo, 6 a 18 meses, deverão influenciar a evolução dos preços dos produtos não transacionáveis locais”.
Wilson Chimoco apontou para a necessidade de revitalizar a reserva estratégica alimentar, “através da definição de contratos/seguros a produtores familiares – Interação directa com a UNACA/APPA para a revitalização das cooperativas agrícolas – de concessão de insumos agrícolas – fertilizantes, adubos, etc. – e fazer a aquisição de produtos locais nas zonas de produção e levá-los às zonas de consumo, à custa da REA”, disse. Tendo apontado também para a necessidade de reduzir os desperdícios orçamentais em sede das despesas públicas, por meio de “congelar todas as despesas correntes e de investimento, excluindo salários e juros, que não passem por leilão competitivo – inverso – e aberto, começando pelos órgãos centrais”.
Já o também economista Marlino Sambongue defendeu que a inflação em Angola é fundamentalmente um problema de oferta e menos de procura. “É o que chamam de inflação de custos”, rematou.
Assim, o economista defende que a prioridade deve ser trabalhar no lado oferta agregada ou seja os produtores e toda a cadeia da oferta. Pelo que, mostra-se necessário trabalhar em medidas que acelerem as medidas de incentivo aos produtores agrícolas e industriais, sejam familiares ou empresariais.
Marlino Sambongue apontou ainda para a necessidade de aumento na produção dos bens essenciais, além de subvencionar os custos com combustível para os produtores agrícolas e industriais, bem como a redução temporária do imposto indirecto para os bens essenciais.