João Lourenço apela a uma parceria mais pragmática e menos burocrática entre África e Europa

A relação entre a União Africana (UA) e a União Europeia (UE) deve assentar num espírito de pragmatismo, livre de entraves burocráticos que frequentemente atrasam a execução de acções conjuntas consideradas essenciais, defendeu esta Segunda-feira, 24, em Luanda, o Presidente da União Africana, João Lourenço. Na cerimónia de abertura da 7.ª Cimeira União Africana–União Europeia,…
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Ao apelar a uma reforma global do sistema financeiro, na abertura da 7.ª cimeira entre os dois continentes, o Presidente de Angola e da União Africana afirmou que África já não pode conviver com modelos que perpetuam pobreza e desigualdade.
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A relação entre a União Africana (UA) e a União Europeia (UE) deve assentar num espírito de pragmatismo, livre de entraves burocráticos que frequentemente atrasam a execução de acções conjuntas consideradas essenciais, defendeu esta Segunda-feira, 24, em Luanda, o Presidente da União Africana, João Lourenço.

Na cerimónia de abertura da 7.ª Cimeira União Africana–União Europeia, o Chefe de Estado angolano reconheceu a importância da cooperação existente, mas sublinhou a necessidade de maior eficácia em áreas estratégicas, sobretudo nas iniciativas destinadas a fortalecer a capacidade de fixação dos jovens africanos nos seus países de origem.

Para João Lourenço, é prioritário desenvolver projectos que promovam a empregabilidade e garantam formação profissional, de modo a colmatar a carência de quadros qualificados no continente e permitir que a juventude africana participe activamente na execução das iniciativas conjuntas com parceiros europeus.

O líder africano destacou que a dinamização do empreendedorismo, do investimento e das reformas económicas exige que África tenha acesso a financiamento em condições acessíveis. Tal acesso, afirmou, é fundamental para viabilizar projectos estruturantes, como electrificação, industrialização, mobilidade de pessoas e bens e modernização das infra-estruturas, pilares indispensáveis para sustentar um ciclo de desenvolvimento duradouro.

Lourenço recordou que, na 4.ª Conferência Internacional sobre o Financiamento para o Desenvolvimento, realizada em Sevilha entre 30 de Junho e 3 de Julho, os parceiros europeus assumiram posições encorajadoras face às preocupações africanas. Sublinhou que o continente continua a defender uma reforma abrangente do sistema financeiro global, incluindo mecanismos mais justos de reestruturação da dívida, a expansão das alocações de Direitos Especiais de Saque e a criação de instrumentos de financiamento inovadores que apoiem o desenvolvimento.

“África precisa de uma nova visão no relacionamento com as instituições financeiras internacionais”, reiterou, enfatizando a urgência de criar condições que permitam investir sem cair na armadilha do endividamento insustentável.

O estadista alertou ainda que o continente não pode permanecer preso a padrões históricos de pobreza, cujas consequências extravasam fronteiras – desde epidemias e fluxos migratórios até conflitos internos e instabilidade económica. Para João Lourenço, a superação deste cenário reforça a importância estratégica da parceria África–Europa, que deve ser acompanhada de meios financeiros adequados e de um maior envolvimento empresarial europeu.

O Presidente da União Africana apelou, assim, a que investidores e empresas europeias reforcem a sua presença no continente, apostando na industrialização e em sectores com impacto directo na criação de emprego, no crescimento económico e na geração de benefícios recíprocos.

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