Jovens angolanas apostam na resolução de conflitos entre consumidores e empresas no país

Foi lançada há dias, na capital angolana a plataforma "Reco & Kritique", que permite, entre outras acções, a interação entre empresas sedeadas no país e os seus consumidores, resolver conflito que envolve empresa e consumidores, medir via online a reputação das empresas, assim como dá a possibilidade de os usuários deixarem as suas recomendações e…
ebenhack/AP
Trata-se de uma plataforma que permite, entre outras acções, a interação entre empresas sedeadas no país e os seus consumidores, resolver conflito que envolve ambos e medir a reputação das mesmas.
Empreendedores

Foi lançada há dias, na capital angolana a plataforma “Reco & Kritique”, que permite, entre outras acções, a interação entre empresas sedeadas no país e os seus consumidores, resolver conflito que envolve empresa e consumidores, medir via online a reputação das empresas, assim como dá a possibilidade de os usuários deixarem as suas recomendações e críticas sobre os serviços prestados.

O projecto, que começou a ser idealizado em 2020, nasceu de um grupo no Facebook, actualmente com mais de 2000 usuários, em que são recomendados serviços, denunciam empresas públicas e privadas que não prestam um bom serviço naquele país lusófono.

Em entrevista exclusiva a FORBES ÁFRICA LUSÓFONA, Chelsea Reciado, co-fundadora da plataforma e accionista maioritariamente com 60% do capital, fala sobre o surgimento do projecto, que teve um investimento inicial de 10 milhões de kwanzas, e como o mesmo ‘migrou’ de um grupo do Facebook para um website, com a intenção de mudar “para melhor” a relação entre clientes e empresas.

“Tudo começou em 2019, numa conversa de amigas, num quarto. Lembro que, na altura estava, no Brasil e questionei o facto de não ter em Angola um espaço que especificamente servisse para os angolanos consumidores recomendar, criticar serviços e produtos. Foi daí que a minha amiga Cândida concordou e sugeriu a criação de um grupo fechado no Facebook, para os consumidores fazerem as suas recomendações e críticas, de produtos e serviços em todo país”, conta a jovem formada em economia.

Chelsea acrescenta que “pensamos no nome, e chegamos ao ‘Recomende e Kritique’, mas para que não ficasse tão longo, foi encurtado para ‘Reco & Kritique’. A plataforma começou a ganhar corpo, muitos usuários interessados e participativos com os seus reviews dentro da comunidade”.

O grupo foi crescendo e, com ousadia e determinação, Chelsea Reciado e outras duas co-fundadoras da plataforma, designadamente a publicitária Cândida Bastos e a comunicóloga Kelcia Sango, decidiram alargar o projecto, aproveitando o momento delicado do mercado, por conta das restrições impostas pela pandemia, para investir na criação e consolidação da plataforma.

“Apesar de só agora ser lançada, a nossa plataforma dará continuidade a toda oferta que sempre teve, como o espaço em que as empresas continuarão a publicitar os seus serviços, troca de experiências entre consumidores e gestores das mesmas empresas, debates sobre os serviços e produtos de Angola. Trabalhamos com reviews bem elaboradas e trouxemos ao mercado angolano uma plataforma que permitiu que houvesse uma mudança de comportamento no consumidor, bem como vem influenciando que as prestadoras de serviço se tornem mais responsáveis e atentas as necessidades do consumidor”, explica a empreendedora.

À FORBES, Chelsea Reciado avançou que dentro da plataforma os usuários, aos quais chamam “Recos”, fazem mais reviews na área da restauração.

Rentabilidade e acompanhamento

Questionada sobre a rentabilidade e sustentabilidade da plataforma, Chelsea Reciado refere que o projecto conta encaixar receitas por via de serviços que as empresas poderão aderir dentro da Reco & Kritique , entre eles o de anunciarem os seus produtos e as suas marcas.

“Na plataforma as empresas também podem fazer publicidade remunerada dos seus produtos e serviços, anunciar as suas marcas e fazer pesquisas junto dos consumidores dentro da comunidade Reco, permitindo as empresas saber o que os seus consumidores pensam, como consomem os produtos e usufruir do marketing Boca a Boca. Somos uma start-up B2B e B2C“, disse a gestora, mas esclarece que os usuários e empresas não pagam para estarem cadastrados na plataforma.

A plataforma vai também funcionar em parceria com outras empresas, como é o caso de uma vocacionada a advocacia, que segundo a economista, vai acompanhar, orientar e intermediar a relação conflituosa de consumidores e empresas, antes mesmo de as partes partirem para resolução dos problemas nos órgãos de justiça.

“É importante esclarecer que não estaremos a fazer o papel do INADEC [Instituto Nacional de Defesa do Consumidor]. Acreditamos que antes mesmo de os problemas chegarem ao INADEC quer os clientes e empresas podem, através da nossa plataforma, chegar a um acordo”, disse.  

Por meio de parcerias com empresas cadastradas, a plataforma pretende oferecer, “através do projecto Clube de Descontos”, desconto de até 15% na venda de serviços das empresas registadas.

No capítulo social, a equipa gestora do Reco & Kritique avança que vai trabalhar com mulheres empreendedoras, que terão mentorias de advocacia, marketing e finanças para ajudar mulheres empreendedoras e empresas estarem bem posicionadas no mercado.

Mais Artigos