As taxas de juro pagas pelos Bilhetes de Tesouro por Moçambique recuaram cerca de 100 pontos base nas últimas três semanas, segundo dados do banco central, que justifica com a progressiva redução da taxa de juro directora.
No Relatório de Conjuntura Económica e Perspectivas de Inflação de setembro, divulgado, o Banco de Moçambique identifica uma “redução das taxas de juro” dos Bilhetes de Tesouro, títulos de dívida de maturidade mais curta, registada entre Maio e Setembro.
“As taxas de juro dos BT para os prazos de 91, 182 e 364 dias registaram reduções entre 92 e 121 pontos base, passando para 11,80%, 12,22%, e 12,26%, respectivamente, em linha com o ajustamento em baixa da taxa MIMO”, lê-se no relatório.
Este desempenho contrasta com o pico à volta de 19% registado em janeiro de 2024, segundo o histórico explicado no documento, em que também se reconhece, por outro lado, que “a pressão sobre o endividamento público interno continua a agravar-se, com impacto no funcionamento normal do mercado de títulos do Estado”.
“A dívida interna, excluindo os contratos de mútuo e de locação, e as responsabilidades em mora, situa-se em 454,4 mil milhões de meticais [6.058 milhões de euros], o que representa um aumento de 38,8 mil milhões de meticais [517,3 milhões de meticais] em relação a dezembro de 2024”, aponta ainda o banco central no relatório.
Um crescimento assente sobretudo na emissão de BT, já que nas Obrigações do Tesouro (OT, maturidades mais longas), entre maio e Setembro o Estado realizou apenas leilões de troca do prazo de cinco anos.
“No último leilão, a taxa de juro fixa foi de 13,95%, correspondente a uma redução de cinco pontos base face à taxa do leilão de troca precedente, da mesma maturidade”, acrescenta, sendo que segundo o histórico, os juros das OT rondavam os 20% em Janeiro de 2024.
O Comité de Política Monetária (CPMO) do Banco de Moçambique, diz a Lusa, cortou em 29 de setembro, pela décima vez consecutiva, a taxa de juro de política monetária MIMO, em 0,50 pontos percentuais, para 9,75%, anunciou o governador, Rogério Zandamela.
“Esta medida decorre essencialmente da manutenção das perspetivas da inflação em um dígito no médio prazo, refletindo em parte a estabilidade da taxa de câmbio e a tendência favorável dos preços internacionais de mercadorias, não obstante a prevalência a nível doméstico de elevados riscos e incertezas associados às projecções”, disse o governador, em conferência de imprensa, em Maputo, no final da reunião do CPMO, que se realiza a cada dois meses.