Os CEOs das principais empresas angolanas mostram-se dispostos a ajustar estratégias, acelerar a transformação digital e reforçar competências internas para consolidar a sua competitividade num ambiente económico e geopolítico marcado pela incerteza.
A avaliação foi apresentada esta Terça-feira, 18, em Luanda, por Vítor Ribeirinho, Senior Partner do Cluster KPMG Portugal e Angola, durante a apresentação do estudo “CEO Outlook 2025: A visão dos líderes sobre o presente e o futuro”, durante a 2.ª edição do Forbes África Lusófona Annual Summit Angola 2025.
Segundo o responsável, os líderes empresariais em Angola assumem a ambição de intensificar a adopção de Inteligência Artificial (IA) para reforçar o talento, ajustar modelos de negócio e assegurar trajectórias de crescimento até 2028.
A primeira edição do estudo realizada exclusivamente com dados angolanos envolveu 25 CEOs de organizações nacionais, revelando um ciclo de liderança mais pragmático, orientado pela tecnologia, pela qualificação do capital humano e por um reposicionamento estratégico.
“Os líderes corporativos angolanos combinam confiança interna com prudência macroeconómica, revelando ambição tecnológica, consciência dos riscos e uma abordagem pragmática à sustentabilidade”, destacou Ribeirinho ao apresentar as conclusões centrais da pesquisa da KPMG.

Apesar de uma queda de 73% na confiança global sobre a economia mundial, os CEOs permanecem optimistas quanto ao desempenho das suas próprias empresas: 87% antecipam crescimento e 60% esperam lucros superiores a 2,5% nos próximos três anos. Para Ribeirinho, este optimismo reflecte uma liderança que, embora exposta a desafios complexos, continua a tomar decisões estratégicas ancoradas na inovação tecnológica, na capacitação de talento e na integração de critérios de sustentabilidade como motores de criação de valor.
O estudo indica ainda que as maiores oportunidades de crescimento surgem para as organizações que investem com clareza, responsabilidade e rapidez nos sectores críticos da transformação digital e energética. Em Angola, a aposta na inteligência artificial é inequívoca: 74% dos CEOs estão a direccionar investimento para a área, e 93% acreditam que o retorno será alcançado em até cinco anos. “Quase metade já integra IA nos processos diários, e a maioria incentiva a experimentação contínua nas equipas”, reforçou.
Contudo, o desenvolvimento tecnológico esbarra em desafios estruturais. 87% dos líderes identificam questões éticas como preocupação e a mesma proporção aponta a qualidade e governação dos dados como requisito essencial para a expansão sustentada da IA. A gestão de risco acompanha esta agenda, com a incerteza económica a liderar as apreensões, enquanto 53% das empresas reforçam a prioridade da resiliência cibernética. No plano da governação, 60% defendem modelos de liderança mais ágeis e processos de decisão mais rápidos, adequados à complexidade operacional actual.
O talento surge como outro eixo crítico. 63% dos CEOs afirmam que a qualificação em IA será determinante para a prosperidade futura das empresas, e Angola destaca-se no contexto internacional pelo elevado nível de reconversão interna, onde 80% das organizações estão a transferir colaboradores de funções tradicionais para funções potenciadas por IA. Porém, o envelhecimento do mercado de trabalho adiciona pressão: 53% manifestam preocupação com a reforma de trabalhadores qualificados e com a ausência de substitutos técnicos imediatos.
Na agenda ESG, as empresas angolanas revelam progressos, mas também limitações. 54% dos CEOs acreditam estar no trajecto certo para atingir a meta de zero emissões líquidas até 2030, ainda que persistam desafios na descarbonização das cadeias de abastecimento (33%) e na falta de competências especializadas (7%).
As exigências regulatórias ganham maior peso, com 73% dos líderes a posicionarem as normas de reporte ESG como prioridade central de compliance. “O papel da IA na eficiência de recursos é evidente: 87% identifica oportunidades de redução de desperdício e optimização energética”, concluiu Ribeirinho.




