Kwanza regista ganhos de 4,3% face ao dólar, maior recuperação dos últimos 20 dias

A moeda nacional de Angola, o kwanza, fechou a sessão desta Quarta-feira, 22, com uma apreciação de 4,3% face ao dólar e de 5% face ao euro, a maior recuperação das últimas três semanas, de acordo com as taxas de câmbio apuradas na sessão de lançamentos da plataforma Bloomberg entre os 25 operadores do mercado…
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Ajudada por uma combinação de factores, a moeda angolana fechou esta Quarta-feira com a maior recuperação das últimas semanas, face às principais divisas. Um dólar esteve cotado a 607 kwanzas.
Economia

A moeda nacional de Angola, o kwanza, fechou a sessão desta Quarta-feira, 22, com uma apreciação de 4,3% face ao dólar e de 5% face ao euro, a maior recuperação das últimas três semanas, de acordo com as taxas de câmbio apuradas na sessão de lançamentos da plataforma Bloomberg entre os 25 operadores do mercado bancário do país.

Até ao fecho da sessão do leilão do dia 22, o kwanza não apreciava mais do que os marginais zero ou 1%, pelo que uma recuperação acima de 4% representa um salto qualitativo das políticas do regulador, apesar das ‘ressalvas’ que lhe levantam os analistas do mercado.

Se no início de Setembro cada dólar custava 634 Kwanzas, até ao final da tarde do dia 22 de Setembro, para a mesma moeda, os agentes económicos já só precisavam pagar, por cada dólar, 607 kwanzas.

O mesmo sucedeu com a divisa da zona euro. Quando no início de Setembro a moeda esteve cotada em quase 750 Kwanzas, no mercado oficial de câmbio, esta Quarta-feira já só valia 712,18 kwanzas.  Ou seja, para a obtenção da divisa europeia, os agentes económicos passaram a pagar menos 37,2 kwanzas.

A ajudar está uma combinação de factores administrativos, com destaque para as últimas decisões do Comité de Política Monetária do Banco Nacional de Angola (BNA), no sentido de ‘apertar’ liquidez na economia, além do aumento da taxa LUIBOR, que encarece o custo do dinheiro, como analisaram vários economistas e consultores financeiros ouvidos pela FORBES.

Às causas da tendência de apreciação da moeda angolana, os analistas juntam ainda a possibilidade de estar haver, no mercado, aquilo aque chamaram de “apreciação artificial” do kwanza. É o caso do analista financeiro Wilson Chimoco que é perenptório em admitir que a apreciação da moeda nacional que se assiste “não reflecte as reais condições do mercado de trabalho e de bens e serviços”.

Para o também economista, mantendo-se a tendência, o mercado poderá assistir a uma cotação da moeda norte-americana fixada abaixo dos 600 kz/USD, isto é, para lá de Dezembro de 2021. “Se a tendência persistir, os importadores vão poder comprar mais dólares com menos kwanzas, o que poderá contribuir para o aumento das importações, nomeadamente comida, matéria-prima e equipamento, e incrementar a oferta de produtos na economia”, projecta o especialista.

Esta tendência descendente na taxa de câmbio do kwanza face às principais moedas estrangeiras surge depois de há mais ou menos dois meses o câmbio ter mantido a mesma cotação, pelo menos para o dólar, o que levou os especialistas do mercado cambial angolano a levantarem a hipótese de interferência do banco central na definição das taxas.

A posição surgiu pelo facto de, ao longo de quase todo o mês de Julho e nos meses anteriores, as taxas de câmbio das principais moedas, nomeadamente o dólar e euro, não terem registado alterações substanciais. Ou seja, por mais de uma semana, um dólar podia ter o mesmo valor, assim como a moeda da União Europeia, numa altura em que o mercado cambial já actua ao abrigo da regra da flexibilização cambial, com as taxas a serem definidas pelos bancos comerciais, através dos lançamentos na plataforma Bloomberg.

Por exemplo, na semana de sete a 14 de Julho, um dólar valia 643,57 kwanzas, com variações ligeiras até ao final do mês. Aliás, entre 1 e 30 de Julho, a moeda nacional só registava ganhos, tendo fechado o mês com recuperação de ligeiros 1% face ao dólar e perto de 1%, precisamente 0,75%, face à moeda europeia.

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