Lauriela Martins representou hoje Angola no Miss Internacional e posicionou-se entre as 20 melhores

Aos 27 anos, Lauriela Márcia Alberto Martins sobiu ao palco de um dos mais prestigiados concursos de beleza do planeta. A jovem angolana representou o país, nesta Quinta-feira, 27, no Miss Internacional, que decorreu na cidade japonesa de Tokyo-Yokohama, reunindo cerca de 80 concorrentes de igual número de países, tendo se posicionado entre as 20…
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A jovem chega ao concurso com mais do que beleza: leva projectos estruturados, ambição e a convicção de que Angola merece um novo olhar no mundo. Lauriela está em Tokyo-Yokohama com uma agenda robusta e propostas capazes de aproximar Angola a novos investidores.
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Aos 27 anos, Lauriela Márcia Alberto Martins sobiu ao palco de um dos mais prestigiados concursos de beleza do planeta. A jovem angolana representou o país, nesta Quinta-feira, 27, no Miss Internacional, que decorreu na cidade japonesa de Tokyo-Yokohama, reunindo cerca de 80 concorrentes de igual número de países, tendo se posicionado entre as 20 melhores.

Muito além do brilho e da estética, Lauriela levou consigo uma agenda assente em causas sociais, diplomacia cultural e promoção do potencial económico de Angola.

Eleita Miss Angola Internacional a 11 de Outubro de 2025, a jovem, assume esta participação como uma oportunidade estratégica de ampliar a presença de Angola num espaço onde beleza e representação diplomática se fundem. “O Miss Internacional procura verdadeiras embaixadoras”, afirma. A organização, criada em 1960 pela International Culture Association, no Japão, é reconhecida pela sua filosofia de promover paz, entendimento cultural e parcerias globais através do diálogo entre candidatas.

Nascida em Cabinda, em 1998, e residente actualmente em Luanda, Lauriela carrega uma trajectória marcada por reinvenção. Após iniciar a formação superior em Design de Interiores no Porto, a pandemia empurrou-a para o mercado de trabalho, adiando a conclusão do curso. O retorno ao país, em 2024, coincidiu com uma nova fase: a consolidação de projectos pessoais e sociais e a decisão de voltar a representar Angola no circuito internacional da beleza.

A experiência acumulada desde os 18 anos, quando venceu o Miss Angola 2017, devolveu-lhe a confiança necessária para esta nova etapa. “Hoje sinto-me preparada para representar o país da forma correcta. Gosto de pensar que tenho zero expectativas, mas muita fé”, afirmará em entrevista à FORBES ÁFRICA LUSÓFONA, dias antes de parati para o Japão. Para Lauriela, a maturidade, a consciência social e o desejo de ver Angola crescer são hoje os seus maiores motores.

 “Hoje sinto-me preparada para representar o país da forma correcta. Gosto de pensar que tenho zero expectativas, mas muita fé.”

O eixo central da sua participação internacional é o projecto “Meninas Primeiro”, uma iniciativa já existente no Comité Miss Angola Internacional, mas que Lauriela adaptou com a sua própria visão. O foco será o Bengo, província que apresenta estatísticas mais elevadas de gravidez precoce e casamentos infantis.

A Miss pretende promover formação sobre saúde sexual e reprodutiva, autonomia financeira e criação de redes de apoio comunitário para raparigas e jovens mulheres. O projecto tem um plano de 12 meses e metas claras, que passam por beneficiar directamente 500 mulheres, formar 200 jovens em saúde reprodutiva, criar 25 grupos de poupança activos e reduzir em 40% as gravidezes não planeadas na região.

O orçamento estimado é de 45 mil USD, envolvendo kits agrícolas, materiais de formação, logística e monitorização. A sustentabilidade virá de microfranquias rurais, venda de produtos locais através da marca comunitária “Raízes de Luz” e parcerias com empresas e entidades como Ministério da Acção Social, Família e Promoção da Mulher (MASFAMU), FAO, ONU Mulheres, Embaixada do Japão e grandes empresas angolanas. “O objectivo é que, depois de implementado, o projecto não dependa mais de nós”, explicou.

Apresentar Angola ao Japão como destino estratégico

Além da agenda social, Lauriela levou ao Miss Internacional um segundo vector: apresentar o potencial turístico e económico de Angola a investidores japoneses e de outras geografias.

A candidata descreveu o concurso como “uma plataforma diplomática”, onde o networking com executivos, magnatas e representantes de vários países é parte estratégica do processo.

A jovem teve reuniões alinhadas com empresas angolanas interessadas em reforçar a sua presença internacional. Entre elas, o Jumbo e o Intermarket, que pretendem expandir a sua marca e captar parceiros globais. O objectivo é funcionar como ponte. “Trazer atenção aos projectos que já estão em andamento em Angola e mostrar que o país está de portas abertas ao investimento”, sublinhou.

Apesar da dimensão competitiva, Lauriela preferiu, na altura da entrevista, manter uma postura serena. “Levo zero expectativas, mas uma fé muito alta.” Nunca esteve no Japão, mas encarava o momento como uma extensão da sua missão pessoal de elevar Angola nos palcos internacionais.

Para além da coroa ou dos títulos, a Miss deseja que o país “seja visto com o coração aberto” e que Angola avance para um futuro mais autónomo, autossustentável e confiante nas suas próprias capacidades.

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