A Lello & Companhia – empresa de comercialização de livros, material escolar e papelaria –, em Angola há mais de 90 anos, onde se destaca como uma das referências de lojas do género no país, concebeu em parceria com a WebTech, Lda., uma plataforma de e-commerce denominada SWEG, sigla de Sistemas Web de Gestão, cujo principal objectivo é facilitar a oferta de um conjunto de serviços e produtos.
A plataforma vai permitir a migração da livraria para o digital, ideia que surgiu quando Rui Santos, actual sócio-gerente da empresa, apercebeu-se que a companhia Lello em Angola fecharia as portas e decidiu adquirir as empresas Lello, SA e Lello Cia, Lda, em 2016.
Pensou então numa solução que passasse por potenciar a empresa e a marca, por um lado, e, por outro, que não criasse uma sobrecarga de trabalho aos poucos quadros que teria condições de remunerar.
“Não podia aceitar de ânimo leve que uma empresa com mais de 90 anos e que tanto significou no cenário angolano fechasse. Perguntei qual seria o valor pelo qual me poderiam vender a empresa e o pouco que restava do património. Foi feita uma oferta que considerei aceitável e fechei o negócio”. Entretanto, Rui confessa que acabou por fechar o negócio sem que tivesse ainda uma ideia firme sobre o day after.
A plataforma SWEG, que acaba de ser apresentada ao público e lançada em modo beta, para além dos serviços e produtos Lello, pretende facilitar a realização de negócios com potenciais parceiros, através de uma estrutura de partilha de receita, baseada no princípio básico de que “boas contas fazem bons amigos”.
O gestor revelou, em exclusivo à FORBES, que, a par das mais de 50 mil horas de trabalho que foram necessárias para a criação de cerca de três milhões de linhas de programação, o investimento total que a Lello fez até ao momento, quer no desenvolvimento, quer nos meios físicos que sustentam a sua cloud, foi de cerca de 1 milhão de dólares.
Entretanto, o digital não irá acabar com as vendas físicas. Para dar continuidade ao tradicional, adianta Rui Santos, está neste momento em construção uma nova loja, em Luanda, cuja conclusão está prevista para Junho de 2022, num investimento de 400 milhões de kwanzas.
Sobre o estado actual do mercado de e-commerce, Rui Santos refere que Angola está a dar os primeiros passos e que a pandemia da Covid-19 veio contribuir para a criação de novas formas de trabalho e novos processos.
“Acredito, por isso, que depois da pandemia, muitos hábitos, até então excepções, virarão regra”, afirma o empresário.
Como funciona o SWEG?
O sócio-gerente da Lello explica que a SWEG está baseada em quatro conceitos principais. O primeiro, bancário, atribui a qualquer cliente da empresa um gestor de conta que, por defeito, é o seu vendedor e que se encarregará de o servir.
O segundo, está relacionado com o as seguradoras e permitirá que, enquanto o cliente pagar, a margem comercial do gestor de conta continuará a ser paga. em vez do típico one off que caracteriza a maior parte das plataformas.
Já o terceiro conceito, está relacionado com “contas claras fazem bons amigos”, ou seja, “clicou, vendeu e automaticamente cada parte tem, na sua área privada, visibilidade da respectiva conta corrente, assuntos pendentes, entre outros.
Por sua vez, o quarto e último conceito tem que ver com o uso mínimo de papel, pois tudo funcionará com pagamento por referência via multicaixa, Assistente Digital Pessoal, PDA na sigla em inglês, ou por multicaixa express.
“Não há reconciliações feitas à mão, contar dinheiro, conferir transferências, pessoal a fazer conferências, entre outras práticas. Tudo o que é possível ser feito pela máquina é executado pela máquina, com a possibilidade de erro reduzida ao mínimo”, reitera o empresário.
Fruto de um acordo já estabelecido com a Movicel, será possível os clientes da operadora de telefonia móvel comprarem recargas através da plataforma. Além da Movicel, a SWEG conta já com outros quatro parceiros, entre os quais a empresa Infrasat.
