Entrou em operação, em Cazombo, o maior parque fotovoltaico off-grid de África, uma infra-estrutura que electrifica pela primeira vez, de forma contínua e sustentável, a capital do Moxico Leste através de energia solar armazenada em baterias para fornecimento nocturno.
Trata-se do primeiro sistema autónomo do género no país e representa um passo estratégico na redução da dependência de combustíveis fósseis em zonas rurais. A infra-estrutura foi desenvolvida e colocada em funcionamento pelo Grupo MCA, cuja inauguração contou com a presença do Ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, como indica uma nota a que a FORBES ÁFRICA LUSÓFONA teve acesso.
Com mais de 40 mil painéis solares instalados, o parque permitirá poupar anualmente cerca de 10 milhões de litros de combustível e evitar a emissão de 37 toneladas de dióxido de carbono (CO₂). A construção gerou mais de 300 empregos e marca o início da entrega do Projecto de Electrificação Rural de 60 comunas, actualmente um dos maiores investimentos públicos em energia renovável no interior do país.
Manuel Couto Alves, chairman do Grupo MCA, destaca que a entrada em operação deste primeiro parque demonstra a capacidade de adaptação tecnológica a contextos específicos e um impacto directo na vida das comunidades. “Este projecto representa, para nós, não apenas um desafio técnico superado com excelência, mas também uma transformação significativa na qualidade de vida das populações”, afirmou, sublinhando o simbolismo de ver “as casas das pessoas com luz eléctrica a partir de energia verde”.
Com 25,40 MWp de potência instalada e 75,26 MWh de capacidade de armazenamento, o sistema foi concebido para abastecer mais de 136 mil pessoas, substituindo integralmente o uso de geradores a gasóleo — historicamente a única solução energética disponível para muitas localidades rurais — e assegurando maior estabilidade, eficiência e previsibilidade no consumo.
Cazombo, município com cerca de 411 mil habitantes e capital da nova região político-administrativa do Moxico Leste, enfrenta há décadas constrangimentos no abastecimento energético. A entrada em funcionamento do novo parque fotovoltaico constitui a primeira grande fonte de produção e distribuição eléctrica da região, democratizando o acesso à energia e criando condições para o desenvolvimento económico e social.
O Projecto de Electrificação Rural, iniciado em 2023 e com conclusão prevista para 2026, envolve o Grupo MCA, o Governo angolano — através do Ministério da Energia e Águas e do Ministério das Finanças — e um consórcio de financiamento liderado pelo Commerzbank AG, com garantia da agência alemã de crédito à exportação Euler Hermes (ECA). O plano inclui a implementação de 46 mini-redes solares isoladas, que irão beneficiar mais de um milhão de pessoas em 60 comunas, com 256 MWp de potência fotovoltaica, 595 MWh de armazenamento e 202.657 ligações domiciliárias.
Os projectos da MCA assentam em princípios de sustentabilidade e responsabilidade social, combinando soluções chave-na-mão em energia, infra-estruturas urbanas, abastecimento de água e saúde com programas sociais em parceria com instituições locais. A empresa afirma que o objectivo é promover comunidades mais resilientes e preparadas para um futuro energético sustentável.





