O sector das microfinanças cabo-verdiano, facilitador crescente de crédito para grupos vulneráveis e empreendedores, sofre de fragilidades que têm sido acentuadas por fatores externos, informou o banco central.
“O sector de microfinanças em Cabo Verde continua a evidenciar fragilidades estruturais, tanto pelo perfil das instituições como pela natureza dos clientes que atendem”, limitações que “foram acentuadas por factores externos, como as tensões geopolíticas internacionais, que condicionaram a estabilidade económica e social, impondo maiores desafios às instituições”, lê-se no último relatório sobre o sector, relativo a 2024.
Segundo o Banco de Cabo Verde (BCV), apesar de haver progressos, é preciso “reforçar a capacitação de membros dos órgãos sociais e das equipas de gestão, de modo a garantir maior solidez na condução das instituições”.
A falta de mecanismos eficazes de supervisão e de cumprimento de procedimentos, as limitações na qualidade da informação financeira reportada, o crescimento da carteira em risco em determinadas instituições e a concentração geográfica da actividade são outros dos riscos apontados pelo BCV.
No retrato ao sector há também um alerta sobre “a baixa literacia financeira dos clientes, fator que continua a condicionar a utilização adequada dos serviços e a reduzir o impacto esperado das microfinanças na inclusão e desenvolvimento económico”.
Quanto à oferta de produtos financeiros, “continua a observar-se uma reduzida diversificação, com predominância clara do microcrédito”, nota o BCV.
Segundo o relatório, diz a Lusa, três instituições concentram, em conjunto, “cerca de 85% da carteira de crédito concedido”, sendo que o crédito destinado aos setores do comércio e dos serviços representou 41,17% da carteira bruta total.