O Governo moçambicano aprovou nesta Terça-feira o investimento de 6.600 milhões de euros para o projeto de Gás Natural Liquefeito (GNL) Coral Norte, com previsão de produção de 3,5 milhões de toneladas anuais (tmpa) e arranque em 2028.
“O plano constitui a segunda fase de desenvolvimento do campo Coral Norte, FLNG, e consiste em uma infra-estrutura flutuante de liquefação de gás natural com a capacidade de 3,55 milhões de toneladas por ano e seis poços de produção, avaliados em cerca de 7,2 mil milhões de dólares, cujo início de produção está previsto para o segundo trimestre de 2028”, anunciou o porta-voz do Conselho de Ministros, Inocêncio Impissa.
O governante falava aos jornalistas no final da reunião semanal daquele órgão, realizada em Maputo, na qual foi apreciado e aprovado o decreto “que aprova o plano de desenvolvimento do projecto Coral Norte”, para o desenvolvimento e produção de 3,5 tmpa de GNL, durante 30 anos, na área 4, da petrolífera italiana Eni, no offshore da bacia de Rovuma.
O director-executivo da petrolífera Eni, Cláudio Descalzi, garantiu em 16 de Janeiro ao Presidente moçambicano, Daniel Chapo, que prevê alargar a operação no projecto de GNL na bacia do Rovuma, “projectando Moçambique no panorama global” gás natural.
Numa carta de felicitações à eleição de Daniel Chapo como Presidente da República, empossado dias antes no cargo, o líder da petrolífera italiana assume o “compromisso da Eni em reforçar ainda mais a colaboração”.
“Projetando Moçambique no panorama global do GNL e alargando a nossa estratégica parceria através da implementação do projeto Coral Norte FLNG na bacia do Rovuma. Esteja certo de que o nosso objectivo é apoiar a estratégia de desenvolvimento a longo prazo de Moçambique, através de iniciativas de conteúdo local e aceleração da transição energética do país com a nossa iniciativa de óleo vegetal e projectos florestais”, lê-se na carta, a que a Lusa teve acesso.
Fonte da petrolífera Eni, concessionária da Área 4 do Rovuma, disse em outubro de 2023 à Lusa que estava a discutir com o Governo o desenvolvimento de uma segunda plataforma flutuante, cópia da primeira (Coral Sul) e designada Coral Norte, para aumentar a extração de gás.
“A Eni finalizou o Plano de Desenvolvimento, que está atualmente em discussão com os parceiros e o Governo de Moçambique para aprovação final. Ao mesmo tempo, a Eni está a avançar com processos de aquisição, estudos de impacto ambiental, etc, incluindo contratos associados à perfuração”, disse fonte oficial da petrolífera italiana, questionada pela Lusa.
Este plano envolve a aquisição de uma segunda plataforma flutuante FNLG para a área Coral Norte, idêntica à que opera na extração de gás, desde meados de 2022, na área Coral Sul.
Um estudo da consultora Deloitte concluiu em 2024 que as reservas de GNL de Moçambique, que conta atualmente com projectos em curso ou em estudo de multinacionais petrolíferas como a TotalEnergies, ExxonMobil e Eni – representam receitas potenciais de 100 mil milhões de dólares, destacando a importância internacional do país na transição energética.
“As vastas reservas de gás do país poderão fazer de Moçambique um dos dez maiores produtores mundiais, responsável por 20% da produção de África até 2040”, referia-se no relatório.