Moçambique aprovou esta Quinta-feira a Decisão Final de Investimento (FID, na sigla em inglês) do projecto Coral Norte FLNG, na Bacia do Rovuma, província de Cabo Delgado, numa cerimónia realizada na Cidade de Maputo, na presença do Presidente da República, Daniel Francisco Chapo.
Trata-se de um empreendimento avaliado em 7,2 mil milhões de dólares, que produzirá 3,5 milhões de toneladas de gás natural liquefeito (GNL) por ano e 4.300 barris de condensado por dia, a partir de 2028, consolidando Moçambique como um dos principais exportadores de gás natural do mundo.
Na sua intervenção de ocasião, o chefe do Estado sublinhou a dimensão histórica do momento, sobretudo por coincidir com o cinquentenário da Independência Nacional.
“É com enorme satisfação que nos dirigimos a todos nesta cerimónia em que celebramos um marco histórico no ano em que nós comemoramos 50 anos da nossa Independência: a Decisão Final de Investimento do Projecto Coral Norte FLNG, a segunda unidade flutuante de produção de gás natural liquefeito em águas profundas na Bacia do Rovuma”, declarou o chefe de estado, citado numa nota da Presidência da República.
O Presidente Chapo frisou que a decisão vai muito além de uma mera formalidade, uma vez que “representa a afirmação clara e inequívoca de que Moçambique se posiciona, de forma decisiva, como um actor energético global, capaz de transformar recursos naturais em desenvolvimento económico, social e humano para todos os moçambicanos”.
Segundo o estadista moçambicano, o país dispõe de recursos estimados entre 60 triliões e 95 triliões de pés cúbicos de gás natural, dos quais entre 35 triliões e 60 triliões são recuperáveis.
“Moçambique ocupa um lugar de destaque entre os países com maiores reservas provadas de gás natural do planeta Terra”, destacou, lembrando que os avanços registados resultam de mais de uma década de trabalho técnico e de pesquisa intensiva.
O governante destacou ainda o sucesso da primeira plataforma flutuante, o Coral Sul FLNG, em operação desde 2022, que já exportou mais de 123 carregamentos de GNL e 17 de condensado para os mercados asiático e europeu.
O Coral Norte será desenvolvido pelos parceiros da Área 4 da Bacia do Rovuma, nomeadamente a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH), Eni, CNPC, Kogas e XRG, que constituem o consórcio responsável pelo projecto.
Ao longo da vida útil da exploração da Coral Norte FLNG, Moçambique deverá arrecadar cerca de 23 mil milhões de dólares em receitas fiscais, recursos que, segundo o Presidente da República, serão aplicados em sectores estratégicos como agricultura, infra-estruturas, educação, saúde e programas sociais. No entanto, o valor global, incluindo do Coral Sul FLNG, está estimado em 39 mil milhões de dólares.
No plano social e empresarial, o Presidente moçambicano destacou que o empreendimento criará mais de 1.400 empregos directos e indirectos para moçambicanos, além de reservar 800 milhões de dólares em contratos para empresas nacionais nos primeiros seis anos, com a possibilidade de atingir três mil milhões ao longo do projecto.
“Trata-se de uma oportunidade única para as micro, pequenas e médias empresas nacionais se capacitarem técnica e financeiramente”, sublinhou.
O chefe do Estado enfatizou ainda a dimensão energética e estratégica do investimento, apontando que o gás será essencial para dinamizar centrais de geração de energia, promover o uso de combustível limpo no transporte e reforçar a segurança energética de Moçambique.
“Este projecto não é apenas uma obra de engenharia; é uma obra de esperança para o povo moçambicano”, disse, vincando o potencial do gás como combustível de transição no cenário internacional.
Daniel Chapo concluiu reafirmando o compromisso do Governo com a transparência, a sustentabilidade e a gestão responsável dos recursos.
“Hoje celebramos, mas também nos comprometemos, como governo, com uma gestão responsável; com a criação de oportunidades para todos os moçambicanos; com a sustentabilidade ambiental e com a defesa do interesse nacional, que é o interesse do povo moçambicano”, disse.